Lula é criticado por foto de chapa sem diversidade
Cobranças tomaram conta das redes sociais após foto ao lado de Alckmin mostrar falta de representatividade de grupos de minorias sociais
A foto com 19 pessoas - sendo apenas duas mulheres e nenhum negro - que selou a indicação de Geraldo Alckmin (PSB) como vice na chapa de pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência, na sexta passada (8), gerou uma avalanche de críticas nas redes sociais no fim de semana.
A cobrança é sobre a falta de representatividade dos grupos de minorias sociais – por exemplo, mulheres, negros, LGBTQIAPN+, indígenas e pessoas com deficiência. No caso da foto, as críticas envolvem a cobrança do combate ao racismo e à discriminação, principalmente por parte da esquerda, reivindicando uma atitude mais diversa ligada a um possível governo Lula.
A comunidade negra também se mostrou incomodada com a imagem, e muitos representantes e influenciadores negros, mesmo declarando voto a Lula, cobraram políticas inclusivas para quebrar o ciclo de discriminação.
“Que irei votar no Lula, isso não é segredo para ninguém, porém, temos que vir aqui deixar claro, toda indignação da falta de pluralidade de um governo que irá reconstruir esse país!” escreveu Julio Beltrão, head do núcleo de creators preto da Mynd, agência de marketing de influência do segmento de entretenimento, cultura digital e música.
Votarei em Lula ? Sim
Mas eu como um homem negro fiquei muito incomodado com essa foto…
Se não te incomoda você faz parte do problema...
Problema esse que precisamos urgentemente resolver presidente… Urgentemente pic.twitter.com/hlXE2NNNCG
— Levi Kaique Ferreira (@LeviKaique) April 9, 2022
Os posts lembram, inclusive, um cabo de guerra: um lado da corda lembra, por exemplo, a política de cotas raciais nas universidades e Gilberto Gil como Ministro da Cultura na era Lula; o outro critica os petistas por “serem incapazes de aceitar crítica a Lula”. O que mais impacta nesse episódio, porém, é trazer o debate à luz com cobranças, fatores que promovem mudanças na sociedade.
Vc já se declarou eleitor de Lula para cobrar “inclusão” de quem criou a política de cotas raciais nas universidades e tinha Gilberto Gil como Ministro da Cultura?
— Marcelo Pimentel JS (@marcelopjs) April 9, 2022
O PT foi o 1° partido a ter paridade entre homens e mulheres nas direções; foi o 1° a ter cota de jovens, negros e indígenas nas direções; foi o 1° a ter uma Secretaria Lgbtqi com assento nas direções. Elegeu a 1° presidenta do Brasil e é presidido por uma mulher.
— Ana Vilarino (@anavilarinol) April 9, 2022
os petistas nos comentários incapazes de aceitar uma mínima crítica ao Deus Lula
— Gabriel (@derffell) April 9, 2022
A falta de representatividade em equipes de governo não é novidade, mesmo na trajetória política recente do Brasil: na posse do presidente Michel Temer, em 2016, não havia mulheres ou negros entre os ministros. Quando o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), posou com seus 23 ministros para a posse em 2019, constavam apenas duas mulheres – hoje são três ministras.
De acordo com dados do Painel Estatístico de Pessoal, do Ministério da Economia, nos 88 postos do 1º escalão – ministros de Estado, secretários-executivos e assessores especiais – somente 11 (ou 12%) são ocupados por mulheres.