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"Macaco": pré-candidato à presidência, Léo Péricles é alvo de racismo

Perfil supostamente neonazista têm feito investidas de cunho racista nas redes sociais de diversos pré-candidatos; Douglas Belchior (PT-SP) também sofreu ataques

19 jul 2022 - 12h06
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A foto mostra o pré-candidato à presidência Léo Péricles, da Unidade Popular em discurso
A foto mostra o pré-candidato à presidência Léo Péricles, da Unidade Popular em discurso
Foto: Manu Coelho/Divulgação / Alma Preta

O pré-candidato à presidência pela Unidade Popular (UP), Léo Péricles, tem sofrido ataques racistas em suas redes sociais. Na última semana, o partido utilizou as redes sociais para denunciar as agressões, que partem de um perfil supostamente neonazista. Segundo Péricles, esta não é a primeira investida que sofrem e a legenda vai procurar as punições cabíveis. 

"Boa tarde. Sou português ariano puro e sinto nojo de pretos porque tua raça tem em média 55-80 de QI e também possuem uma altíssima propensão para violência. A raça preta deveria ser expulsa das cidades e empurrada de volta para a selva, um lugar que nunca deveriam ter saído", escreveu o perfil denominado Bruno Silva. 

Em seguida, o internauta manda uma foto de um chimpanzé e escreve: "Macaco! Volta pra árvore! Quer banana?" 

O agressor termina relacionando o ato de racismo ao atual presidente Jair Bolsonaro (PL): "Vota em Bolsonaro para o Brasil continuar racista. Bolsonaro é o maior racista do Brasil. Viva o racismo! Preto nojento!". 

À Alma Preta Jornalismo, Leonardo Péricles declarou que estipular quando começaram os ataques é complexo porque, de acordo com o pré-candidato, todas as vezes que ele esteve em um lugar de destaque na política, que "geralmente não está reservado pessoas negras, de periferias e trabalhadores, isso acontece". 

"Desde que o registro da UP saiu, em dezembro de 2019, e isso deu alguma repercussão na imprensa, nós sofremos alguns ataques. Posteriormente, quando lançamos a pré-campanha aconteceram outros. Agora, que estamos pleiteando estar em todos os espaços de debate, não aceitando a subalternidade, mostrando que precisam existir pessoas negras que disputam o maior cargo político do Brasil e que devem estar nos debates centrais, aí os ataques ficaram mais intensos", conta o líder da Unidade Popular. 

Ele ainda complementou afirmando que esses ataques serão tratados pelo jurídico do partido e no combate ao fascismo e ao racismo nas ruas.  "Transformaremos esses ataques em mola propulsora para lutarmos ainda mais para a construção de uma sociedade onde o racismo e demais opressões não existam", concluiu o pré-candidato.

Léo Péricles não é um caso isolado. No final de junho, a Alma Preta denunciou casos como o do pré-candidato a deputado federal pelo PT-SP, Douglas Belchior, professor de História, fundador da Uneafro Brasil e membro da Coalizão Negra por Direitos. Ele recebeu uma mensagem semelhante à encaminhada à Péricles, vinda de um perfil com a mesma foto. 

"Eu tenho um enorme nojo de pretos e não deixo essa macacada fedorenta chegar perto da minha família. Heil Hitler! Hitler estava certo. Macaco fedorento", escreveu o agressor à Belchior, em uma mensagem por WhatsApp. 

No começo do mês de junho, um trabalho educativo criado pelo mandato da vereadora Guida Calixto (PT-SP), de Campinas (SP), também foi alvo de perseguição, e mais, o próprio mandato esteve sob risco de cassação devido a publicação da HQ "Territórios Negros: nossos passos vêm de longe".

Em 2020, um levantamento feito pelo Instituto Marielle Franco com apoio da Terra de Direitos e Justiça Global contabilizou que 78% das candidatas negras relataram ter sofrido ataques virtuais no período eleitoral. Na ocasião, 142 mulheres negras candidatas pertencentes a 93 municípios (em 21 estados) e 16 partidos responderam a um questionário para analisar o cenário da violência política eleitoral neste ano. De acordo com o relatório, os principais autores dos ataques virtuais são grupos não identificados (45%) e candidatos ou grupos militantes de partidos políticos adversários (30%). Também foram identificados grupos misóginos, racistas e neonazistas (15%).

Apesar das diferentes bases legais, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o crime de injúria racial - o que é destinado a uma única pessoa - pode ser equiparado ao de racismo - que ofende um grupo - e considerado imprescritível, ou seja, passível de punição a qualquer tempo. As denúncias à polícia podem ser feitas por telefone, presencialmente ou internet. A avaliação e a devida punição caberá ao juíz de cada caso. 

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Alma Preta
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