Mãe de 4 filhos com autismo: "Achava que não ia criar sentimentos por mim"
Os primeiros diagnósticos foram os das gêmeas e, depois, dos irmãos; família de Gabriela Vier faz conteúdo educativo sobre TEA para as redes
A influenciadora Gabriela Vier, de 34 anos, logo conta que enfrentou barreiras dentro da própria família para poder falar sobre transtorno do espectro autista (TEA). Em entrevista exclusiva ao Terra NÓS, a influenciadora conta que ouviu comentários negativos de parentes. “Sempre calaram minha boca quando o assunto era o TEA”, conta.
Gabriela é casada com Felipe Vier, de 32 anos, e tem quatro filhos: todos no espectro autista. Mayra de 15 anos, Betina e Cecília de sete e o pequeno Enrico, que tem três anos. A família é de Santa Catarina e, através da página no Instagram das gêmeas, conscientiza, ensina e mostra a realidade de uma família atípica.
Diagnóstico das gêmeas
Gabriela e Felipe conheceram o autismo através do diagnóstico de Cecília. Para os pais, o processo inicial foi um baque. “Eu vivi o luto, foi muito difícil. Eu achava que ela não ia criar sentimentos por mim, fica pensando quando Cecília me chamaria de mãe”.
Após compreenderem mais sobre o transtorno com a realidade de Cecília, veio o diagnóstico da sua gêmea, Betina, que também tem transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e transtorno opositor desafiador (TOD). “As gêmeas abriram minha mente para o autismo”, reconhece a mãe.
“Meu marido demorou para aceitar. A nossa luta começou dentro de casa. Hoje, ele é meu apoiador, viu a importância do diagnóstico precoce com os próprios olhos”, afirma.
A mãe ressalta a importância do diagnóstico precoce e procura fazer essa conscientização através dos vídeos que produz com as filhas as redes sociais. Gabriela diz que a filha mais velha, Mayra, foi diagnosticada aos 15 anos.
Apesar de perceber algumas diferenças no comportamento de Mayra, não as creditava como TEA. “Quando ela nasceu, eu tinha 18 anos e não tinha conhecimento do autismo”. Por ter passado por um diagnóstico tardio, a adolescente tem mais dificuldade de socialização do que as irmãs.
Com mais experiência como mãe atípica, Gabriela estimulou Enrico, o mais novo, desde a barriga. “Eu me enganei bastante que ele poderia não ter autismo, mas ele começou a ter episódios de rigidez cognitiva, seletividade alimentar. Ele está na APAE e vem sendo acompanhado há oito meses. Fomos informados que ele tem comportamentos autistas. O diagnóstico dele também deve ser fechado".
Tik Tok
As gêmeas modelavam desde bem pequenas e a mãe Gabriela criou um perfil, há dois anos, para publicar fotos e trabalhos das meninas. No dia 2 de abril deste ano, data que se comemora a Conscientização do Autismo, as gêmeas fizeram um vídeo para o Tik Tok que viralizou, falando sobre autismo e descrevendo características de cada uma. “As meninas falam das particularidades dela. Cada autista é único”, conta a mãe. A partir daí, o perfil das meninas trouxe cada vez mais vídeos informativos, curiosos e divertidos sobre o dia a dia das crianças e suas individualidades.
“Eu não insisto, gravo no tempo delas, quando elas estão com vontade. É para ser algo divertido. Sinto muito orgulho delas. Elas nasceram com propósito. Elas adoram gravar!”, conta. Gabriela faz questão de enfatizar seu papel: “Nossa rede social não é de romantização, é sobre a conscientização do diagnóstico precoce”.
Além das meninas, Gabriela também fala sobre sua maternidade atípica e ajuda diversas famílias: “Nossa página inspirou outras pessoas a falarem sobre o autismo. Ajudo muitas mães que me procuram. Já fizeram página sobre autismo inspirado em nós”, comenta. A influenciadora conta que é um privilégio poder ajudar outras pessoas com a história da sua família.
“Eu tenho quase certeza de que tenho autismo e TDAH, só que não tenho diagnóstico. Eu me identifico em muita coisa. Mas, nesse momento, é muito difícil parar de olhar para as crianças agora e olhar para mim”, assume a mãe dos quatro.