Mãe desabafa após racismo em loja: 'Por uma bolacha, meu filho de 7 anos foi taxado de ladrão'
Família registrou boletim de ocorrência e aguarda investigações; caso ocorreu em 22 de agosto na zona leste de São Paulo
Giovanna Santos de Oliveira Brasil desabafa sobre racismo sofrido pelo filho de 7 anos em loja de doces em São Paulo.
A comerciante Giovanna Santos de Oliveira Brasil, 25 anos, desabafou sobre o episódio de racismo vivenciado por seu filho de apenas 7 anos, após ser acusado de ter comido um pacote de doces sem pagar, em uma loja. "Por uma bolacha, o meu filho de 7 anos foi taxado de ladrão", disse em entrevista ao Terra Agora desta quinta-feira, 5.
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"Na hora a minha reação foi chorar. Eu olhei para o meu filho e chorei. Depois, eu tive a reação de tentar ir para cima, mas os funcionários me acalmaram. Meu filho ficou muito assustado. A todo momento ele dizia: 'Mamãe eu não roubei, fala para ele ir olhar' [as imagens da câmera de segurança]".
O caso ocorreu em 22 de agosto, em uma loja de doces da zona leste de São Paulo. Giovanna estava acompanhada do marido e do filho, eles haviam comprado mais de R$ 500 em doces para comemorar o aniversário do menino. A festa acabou cancelada após o incidente.
Já no caixa, o gerente da loja se aproximou da família e acusou a criança de ter comido doces e escondido o saco vazio na prateleira. "Ele disse que viu pelas câmeras o meu filho pegando o biscoito, [consumindo] e escondendo [o saco vazio na prateleira]. Eu respondi: 'Não, tá doido? Meu filho nem come isso!', mas ele [o gerente] insistiu que viu pelas câmeras".
O marido de Giovanna perguntou ao filho se a criança havia comido os itens. "Você comeu? Não tem problema, se você comeu papai paga". O menino respondeu: "Não papai, não peguei nada, não comi nada".
A jovem, então, pediu para ver as imagens da câmera. O gerente pediu para ela esperar e, na sequência, voltou pedindo desculpas, falando que se confundiu e que não tinha as tais imagens.
A comerciante afirma que ela e a criança foram constrangidas na frente de todos. "Ele constrangeu a gente, ele poderia me chamado de canto, ter falando com o meu esposo de canto, mas ele me abordou com o meu filho do lado constrangendo a gente", lamentou.
Boletim de ocorrência
A família chamou a polícia. O menino continuava assustado e logo ao ver os policiais se defendeu: "Eu não roubei nada, não me leva preso". Segundo Giovanna, o agente foi bastante empático com a criança e aconselhou a família a fazer um boletim de ocorrência.
O caso foi registrado como "calúnia" no 44º Distrito Policial (DP), Guaianazes, na zona leste da capital paulista. "Mas não foi calúnia, a gente era a única família negra no local", explicou Gioavanna. A jovem destacou que já tem representação legal, ela agora espera que o crime seja modificado para racismo.