Mãe que denunciou injúria racial em escola sofre ameaça de processo por família do aluno envolvido

O caso de injúria racial que aconteceu na Escola Municipal de São Caetano Ângelo Raphael Pellegrino ganhou mais um desdobramento nesta semana. Após Patrícia Santos, de 43 anos, denunciar que um colega de classe proferiu frases racistas contra seu filho, ela foi pressionada pela família do aluno envolvido para que retirasse a denúncia ou seria processada por calúnia e difamação.

Um colega de sala do filho de Patrícia questionou ao garoto se ele queria ser “seu escravo” e disse que o estudante deveria ser “seu pet”. Quando o episódio aconteceu, a mãe reivindicou, nas redes sociais, o ensino de conteúdos antirracistas nas unidades públicas escolares.

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“No dia do ocorrido, o garoto perguntou: ‘você não quer ser meu escravo? Você deveria ser meu pet’. Na hora, meu filho disse ao colega que não tinha gostado do comentário. É uma fala extremamente racista, que remete a animalização de pessoas negras. É a terceira vez que meu filho passa por situações desse tipo nesta escola”, lamentou Patrícia em entrevista ao Diário do Grande ABC.

Após tomar conhecimento sobre o episódio, Patrícia afirmou que se reuniu com a coordenadora e com a diretora da instituição e pediu que questões raciais fossem abordadas no ambiente escolar. “Minha reivindicação era abordar de maneira interdisciplinar ao longo do ano. Saí muito chateada porque não vi nada acontecer na prática”.

Ainda segundo a mãe, o menino negou o caso. “Os pais reforçam que o filho não falou nada. Inclusive, como registrei B.O. (Boletim de Ocorrência), disseram que se eu não tirasse a denúncia, eles me processariam por calúnia e difamação”, completou.

Diante da denúncia feita por Patrícia, e de outras que já aconteceram na cidade, a vereadora Bruna Biondi (Psol) protocolou um ofício na Secretaria de Educação de São Caetano sobre a implantação do ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas municipais.