Mbappé e Neymar estão entre os 10 salários mais altos da Copa do Mundo
Lista dos mais bem pagos conta com mais um nome negro, o inglês Raheem Sterling; preparadora física aponta grande discrepância quando comparado à realidade do futebol feminino
Dos 11 jogadores de futebol mais pagos da Copa do Mundo do Catar 2022, apenas três são negros. Segundo dados da Forbes, juntos, os 11 jogadores ganham pelo menos US$ 635 milhões por ano. Os únicos negros da lista são: Kylian Mbappé, Neymar e Raheem Sterling.
Com 23 anos e jogando no Paris Saint-Germain, o francês Kylian Mbappé é hoje o jogador mais caro presente na Copa do Mundo - fica atrás apenas do norueguês Erling Haaland, quando se considera também os que não foram à Copa - e o mais bem pago do futebol mundial com um ganho estimado de US$ 128 milhões entre salário e bônus na temporada de 2022-2023.
Em maio deste ano, Mbappé assinou um contrato de 630 milhões de euros, maior valor já pago por um jogador, e renovou com o Paris Saint-Germain por mais três anos. O francês, que esteve presente na vitória da França na Copa de 2018, participa pela segunda vez do torneio mundial.
No ranking da Forbes, o brasileiro Neymar aparece como o quarto da lista, atrás de Mbappé, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Anualmente, Neymar conta uma remuneração estimada em US$ 87 milhões, entre salário e bônus.
Após sua transferência do Barcelona para o Paris Saint-Germain por 222 milhões de euros em 2017, Neymar renovou o contrato com o time francês até 2027. Com 30 anos, o camisa 10 da seleção brasileira disputa sua terceira Copa do Mundo pelo Brasil, recebe o 23º salário mais alto do mundo, e tem uma fortuna estimada de R$ 1 bilhão.
Atualmente jogando no Chelsea, Raheem Sterling é o sétimo jogador mais bem pago na Copa do Mundo de 2022, com uma remuneração anual de US$ 29,4 milhões, segundo informações da Forbes.
Em julho de 2022, Raheem Sterling assinou um contrato de cinco anos com o Chelsea por 47,5 milhões de euros. Com 27 anos, Sterling, de origem jamaicana e naturalizado inglês, disputa sua terceira Copa do Mundo pela Inglaterra e está em 31º lugar dos jogadores mais bem pagos atualmente.
Nenhum dos grandes salários são para jogadores africanos
Segundo a educadora física Aliana Nageotte, nigeriana e professora de futebol do time feminino infanto-juvenil de Ubatuba, jogadores das seleções da África tiveram um ótimo desempenho, jamais visto na Copa do Mundo do Catar, mas, mesmo assim, ficam de fora da lista dos mais bem pagos.
"Joguei futebol na Nigéria, vim para o Brasil e não tive a menor chance. Daí vejo grandes nomes do continente africano brilhando, dando o sangue em cada jogo, mas ainda assim lutando para receber como os jogadores que atuam na Europa", salienta.
"Mas eles são homens, na Copa do Mundo ou não, eles ganham dinheiro. Observa quando começar o Mundial feminino. Aí você vai ver que além da raça, tem a coisa do gênero. E as brasileiras sem grande destaque ganham tão mal quanto as mulheres da África", completa.
Raça e gênero
A disparidade racial entre brancos e negros se torna mais evidenciada quando o assunto é o futebol feminino, mesmo com o crescimento da modalidade. Segundo informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), da Secretaria da Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, a média salarial de uma jogadora negra no Brasil é de R$ 2,5 mil por mês em clubes que disputam a primeira divisão do futebol feminino. Em clubes que pagam melhor, a média pode chegar à casa dos R$ 5 mil.
"Na escolinha eu tenho que incentivar as meninas, principalmente as negras, para que elas tenham autoestima. Mas eu sei que elas não vão ter chance. Se no masculino, ganha dinheiro um entre dez mil talentosos, no feminino, e se for negra, esse índice é de uma entre dez milhões", comenta a preparadora física Aliana.
Assim como a diferença no salário, patrocínios e cotas televisivas, as premiações do futebol feminino e masculino apresentam grande diferença. Por exemplo, com a conquista do Brasileirão em 2021, o time feminino do Corinthians embolsou R$ 290 mil como recompensa da CBF por terminar em primeiro lugar. O Palmeiras, vice-campeão, ganhou 190.
Se comparado aos anos passados, os valores subiram. No entanto, ainda são menores do que o do masculino, onde é apenas 0,87% dos 33 milhões recebidos pelo time campeão da Série A, não chegando nem a 1%. Na Libertadores novamente a desigualdade fica escancarada. No feminino as campeãs garantem 469 mil, enquanto no masculino recebem mais de 120 milhões de reais ao todo.
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