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 Foto: Wikimedia Commons

Melânia Luz: pioneira, atleta foi a primeira brasileira negra a disputar os Jogos Olímpicos

Ela integrou a delegação do país que competiu em Londres, em 1948, e foi a primeira atleta mulher registrada pelo atletismo do São Paulo

Imagem: Wikimedia Commons
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25 jul 2024 - 05h00

O fato de os Jogos Olímpicos de Paris 2024 terem, pela primeira vez, a igualdade de gênero entre os participantes vem servindo para resgatar histórias de mulheres fantásticas que foram subestimadas e até mesmo apagadas ao longo do tempo. Uma delas é Melânia Luz, primeira atleta negra a representar o Brasil numa Olimpíada, que teve uma trajetória única e brilhante e cuja morte em 2016 sequer foi noticiada.

Melânia foi a primeira mulher negra a defender o Brasil numa Olimpíada - em Londres, no ano de 1948 - notícia ignorada pela imprensa da época, provavelmente por motivos que vão desde a pouca importância dada às mulheres esportistas até a inclinação racista da sociedade da metade do século passado.

  • Esse artigo faz parte da série Mulheres Olímpicas, que conta histórias de mulheres que brilharam e se tornaram referências mundiais em seus esportes, impactando gerações futuras.

Recentemente, movimentos antirracistas e de apoio à representatividade negra têm resgatado os feitos de Melânia, que infelizmente concedeu poucas entrevistas em vida. Uma delas, dada à pedagoga feminista Schuma Schumacher, faz parte de seu livro "Mulheres Negras do Brasil" (Ed. Senac SP), de 2001.

Muitos reconhecimentos surgiram postumamente, como o título de Emérita da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), concedido pela Assembleia Extraordinária da entidade em 2020, e o ingresso no Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil (COB) em 2022.

Primeiros passos

Nascida no bairro paulistano do Bom Retiro em 1928, Melânia Luz fez carreira no esporte como atleta do São Paulo Futebol Clube. Lá, foi treinada pelo célebre alemão Dietrich Gerner, técnico que também treinava Adhemar Ferreira da Silva, primeiro bicampeão olímpico do país.

Como na época os atletas não recebiam salário nem bolsa, Melânia trabalhou por 30 anos como técnica de laboratório no Hospital do Servidor Público Estadual e treinava nos fins de semana.

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Em 1945, Melânia iniciou a carreira na primeira edição do Troféu Brasil e ficou em segundo lugar na final dos 200 metros rasos. No ano seguinte, participou de sua primeira prova internacional, o Campeonato Sul-Americano de Atletismo em Santiago, no Chile, cujos resultados a qualificaram para a equipe brasileira de atletismo feminino nos Jogos Olímpicos de Verão de 1948. 

Nas Olimpíadas, Melânia competiu nos 200 metros femininos e foi a quarta colocada na primeira série eliminatória. Apesar de não ter se classificado para a final na prova do revezamento 4x100, quebrou o recorde sul-americano junto de sua equipe, composta por Benedita Oliveira, Elizabeth Clara Muller e Lucila Pini.

Memória

Melânia Luz foi uma grande atleta são-paulina e passou a vida inteira no São Paulo, chegando até a competir pelo clube em idade avançada em categorias sênior. A paixão pelo Tricolor como torcedora a acompanhou sempre. Enquanto competia, conheceu Waldemir Osório dos Santos, atleta do Vasco, com quem ficou casada durante 29 anos e teve uma filha. Ele mudou-se do Rio de Janeiro para São Paulo, onde tornou-se funcionário público.

Melânia sofria da doença de Alzheimer desde 2007. Quando a memória permitia, gostava de compartilhar fatos sobre sua vida e carreira e mostrar fotografias das competições e da viagem à Inglaterra. No ano passado, o São Paulo lançou a mascote Mel em homenagem ao pioneirismo de atleta.

Numa época pouco favorável às mulheres, Melânia mostrou merecer estar no pódio da história do esporte feminino no Brasil por ousar desafiar as barreiras raciais e de gênero.

Fonte: Redação Nós
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