Mesmo com preconceito, 78% das pessoas trans dizem ser mais felizes após transição
Pesquisa com população trans nos EUA revela dados fundamentais sobre a comunidade
Uma extensa pesquisa realizada pelo jornal estadunidense The Washington Post e pela ONG Kaiser Family Foundation (KFF) apontou que 78% das pessoas trans do país relatam ser mais felizes após a transição, mesmo tendo que lidar com a transfobia.
A pesquisa aponta ainda que quatro em cada 10 pessoas trans estão “muito” mais satisfeitas do que antes da transição.
O levantamento contou com mais de 500 pessoas que se identificam como pessoas trans e é considerado o maior estudo não governamental do país relativo a adultos transgêneros nos EUA.
Segundo dados de pesquisas citadas pelo The Washington Post, o país tem 1,3 milhão de adultos trans e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, que acompanha as demandas de saúde da população trans, afirma que a grande maioria tem menos de 35 anos.
A pesquisa do jornal e da KFF aponta ainda que 25% das pessoas trans já foram atacadas fisicamente e um em cada cinco perdeu alguma promoção profissional por sua identidade de gênero. O estudo também levantou que a população trans tem duas vezes mais propensão a apresentar condições relativas à saúde mental, como depressão.
Desde sempre
Quando perguntadas sobre o entendimento da identidade de gênero, 32% relatou que já se entendia trans com 10 anos de idade ou menos, enquanto 34% identificou entre os 11 e 17 anos. Pouco mais da metade dos entrevistados trans, 53% deles, relatou ter tido uma infância feliz. O numero de pessoas cis que consideram a infância feliz no país é de 81%.
A falta de suporte em todas as fases da vida também chama atenção: 59% das pessoas trans estadunidenses relataram que não tinham um adulto em quem confiavam para conversar sobre o tema e 40% dizem se sentir inseguros nos espaços escolares ou participando de atividades esportistas ou juvenis.
Um quarto das pessoas trans adultas passou por alguma religião que tentou mudar sua orientação afetiva-sexual ou identidade gênero e um em cada 10 passou por algum processo da chamada "cura gay", prática não só sem comprovação científica, mas considerada danosa por todas as organizações de saúde do mundo.