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Ministra das Mulheres diz que "nem mesmo Lula" pode fazer piada sobre violência de gênero

Na ocasião, o presidente condenava os altos índices de violência contra mulher no País

2 ago 2024 - 15h06
(atualizado às 16h17)
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Cida Gonçalves afirmou que vai conversar com o presidente sobre o tema quando encontrá-lo
Cida Gonçalves afirmou que vai conversar com o presidente sobre o tema quando encontrá-lo
Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, afirmou nesta sexta-feira, 2, que nem mesmo o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pode fazer piadas sobre violência de gênero. Durante um café com jornalistas na sede da pasta, Cida afirmou que vai conversar com o presidente sobre o tema quando encontrá-lo.

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A declaração da ministra foi feita após ser questionada sobre fala recente de Lula durante reunião com empresários. Na ocasião, o presidente condenava os altos índices de violência contra mulher no País e citava uma pesquisa que aponta maior ocorrência de casos após jogos de futebol. Lula afirmou que a situação era "inacreditável" e, em seguida, ironizou a má fase do Corinthians: "Se o cara é corintiano, tudo bem." A fala levantou inúmeras críticas contra o presidente.

"Quando o tema nos incomoda muito, decide fazer uma piadinha, porque acha que com essa piadinha melhora as coisas, diminui o impacto da notícia que você está dando. E o que eu tenho dito é que piadinha nem o presidente da República. Não dá para aceitar piadinha de nada e nem de ninguém", afirmou a ministra.

Cida Gonçalves defendeu que as mulheres não tolerem qualquer tipo de brincadeira relacionada à questão de gênero, aspecto físico, ou qualquer outra questão. "Eu vou falar para ele. Acho que Janja já falou, muitas outras mulheres já devem ter falado. É por isso que precisamos fazer uma mudança de comportamento e das formas como trabalhamos e pensamos. Nós temos, enquanto mulheres, a começar não aceitar brincadeirinhas", disse.

Lula condena violência contra mulher, mas completa: 'Se o cara é corinthiano, tudo bem':

A ministra afirmou que a mudança desse comportamento é importante para a prevenção do feminicídio. "Se você não consegue falar, não fala. Mas não faz piada. Não brinca com aquilo que é a vida das pessoas. Eu acho que é um processo que a gente vai ter que reconstruir no nosso País. Reconstruir com nossos homens, nossas lideranças e eu, como ministra das Mulheres, com meu presidente da República."

Feminicídio zero

Na manhã desta sexta-feira, a ministra conversou por mais de duas horas com jornalistas mulheres sobre temas relacionados à pasta. Na ocasião, Cida anunciou que pasta vai lançar neste mês a campanha "Feminicídio Zero", para tentar conscientizar a população sobre o tema.

Dados do Atlas da Violência, divulgados em junho, mostraram que, em 2022, o Brasil registrou 3.806 feminicídios. Ainda de acordo com o estudo, o Brasil teve no mesmo ano 221,2 mil casos de violência contra a mulher. As agressões normalmente ocorrem dentro de casa e em contexto intrafamiliar. Os homens são os principais autores.

A campanha prevê parcerias com times de futebol como o Corinthians e o Flamengo a respeito do tema, líderes religiosos e empresas. A ministra afirmou que recentemente se reuniu com um grupo de mulheres evangélicas para levar a questão aos templos.

"Precisamos criar uma mobilização nacional contra a violência", disse Cida. "Precisamos que as pessoas se indignem contra o processo e tenham coragem de denunciar."

O mês de agosto é conhecido como "Agosto lilás" quando há um trabalho de enfrentamento à violência contra as mulheres. A ideia da ministra é que a mobilização "Feminicídio zero" seja uma campanha permanente, com peças publicitárias e também ações mais estruturadas, como cursos e outras, que envolvam também os homens.

Estadão
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