Ministro da Espanha considera inaceitável beijo em atleta e dirigente pede desculpas
Miquel Iceta é direto ao criticar, na 'Rádio Nacional España', ato do Presidente da Real Federação Espanhola de futebol na jogadora da seleção campeã mundial Jenni Hermoso, durante premiação da Fifa
Apesar da vitória da Espanha contra a Inglaterra na final da Copa do Mundo feminina, um fato repercutiu mais do que o jogo em si. No momento da premiação das atletas, o presidente da Real Federação Espanhol de futebol, Luis Rubiales, deu um beijo na boca de Jenni Hermoso, um dos destaques da seleção do seu país na conquista do primeiro título mundial. A imagem rodou o mundo causando revolta nas redes sociais. Ela foi entendida como abuso.
Em participação no programa Las mañanas de RNE, da Rádio Nacional España, Miquel Iceta, Ministro da Cultura e do Desporto da Espanha, classificou a atitude de Rubiales como inaceitável e exigiu um pedido de desculpas do Presidente da Federação ao povo espanhol.
Revoltante! As mulheres não tem um dia de paz.
O Presidente da Federação Espanhola de Futebol acaba de FORÇAR um beijo na jogadora Jenni Hermoso, na final da Copa do Mundo de Futebol Feminino.
Ela afirmou em live: "não gostei, não pude fazer nada". Isso só tem um nome: ASSÉDIO! pic.twitter.com/3FaIpqd5u7
— Daiana Santos (@daianasantospoa) August 20, 2023
"Parece-me inaceitável. Vivemos um momento de igualdade, direitos e respeito pelas mulheres. Todos devemos ter um cuidado especial em nossas atitudes e ações. Acredito que é inaceitável beijar um jogador na boca para parabenizá-lo. Pelo que vi, acho que deve ser dito: 'todos nós merecemos respeito'. A primeira coisa que você deve fazer é explicar e dar desculpas. Isso é lógico e razoável. Nós, que temos responsabilidades públicas, temos de ter muito cuidado porque estamos passando um recado para a sociedade e o recado é: igualdade de direitos é respeito", comentou o ministro em sua participação no programa de rádio.
Após a premiação do título mundial e de toda a repercussão do beijo em Hermoso nas redes sociais, Rubiales foi questionado sobre o fato ainda no estádio pela rádio Marca, da Espanha, e preferiu ver o momento como um pico de alegria entre amigos.
"Não vamos dar atenção aos idiotas e aos estúpidos, sério. É um pico de dois amigos comemorando algo, não estamos aqui para besteira. Vamos ignorar e curtir as coisas boas e nem me falem de perdedores que não consigo ver o que há de errado. É uma coisa sem maldade. Se existem tolos, que continuem com suas tolices. Prestemos atenção naqueles que não são tolos. É algo sem maldade e sem sentido", explicou o presidente da Real Federação Espanhola de Futebol.
Por meio das redes sociais, momentos após receber a medalha e o beijo de Luis Rubiales, Jenni Hermoso disse que não tinha gostado do que havia acontecido entre os dois. Horas depois, a meia tentou explicar como viu tudo que passou para a agência de notícias EFE e mudou um pouco sua opinião.
"Foi um gesto mútuo totalmente espontâneo devido à imensa alegria de ganhar uma Copa do Mundo. O presidente e eu temos uma ótima relação, seu comportamento com todos nós foi 10 e foi um gesto natural de carinho e gratidão. Um gesto de amizade e gratidão não pode ser mais pensado, ganhamos uma Copa do Mundo e não vamos nos desviar do que é importante", disse a jogadora. A Espanha bateu a Inglaterra na final da competição por 1 a 0.
Pedido de desculpas
Nesta segunda-feira, Rubiales pediu desculpas após a repercussão de seu gesto na cerimônia de entrega do troféu da Copa do Mundo feminina. Em vídeo divulgado nas redes sociais, o dirigente afirma que tem de "aprender com seu erro". Ele chegou a afirmar que a repercussão parecia uma "idiotice".
"Tenho de pedir desculpa, não tenho alternativa. Além disso, tenho de aprender com isso e perceber que, quando represento uma instituição tão importante como a Federação, sobretudo em cerimônias, tenho de ter mais cuidado", afirmou. "Há uma declaração da minha parte, neste contexto, em que disse que isso parecia uma idiotice. Foi por isso mesmo, porque, aqui dentro, ninguém deu a mínima importância. Também quero pedir desculpa, porque admito que, de fora, se tenha visto de outra maneira."
"Seguramente, errei, tenho que reconhecer. Num momento de máxima efusividade, sem qualquer má intenção ou má-fé, ocorreu o que ocorreu, de maneira muito espontânea. A partir daí, não percebemos o que se passou, porque considerávamos algo natural, normal e sem qualquer má-fé, mas parece que se formou um furacão por parte de pessoas que se sentiram afetadas com isso."