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Mitos e verdades sobre pessoas com deficiência no mercado de trabalho

Segundo o IBGE, existem cerca de 17,5 milhões de PcDs em idade de trabalhar no Brasil, mas apenas 5,1 milhões estão ativas

2 mar 2024 - 05h00
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De acordo com o IBGE, o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência
De acordo com o IBGE, o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência
Foto: iStock/FG Trade

Apesar de avanços, a inserção de pessoas com deficiência no ambiente de trabalho ainda enfrenta obstáculos. Muito disso se deve ao preconceito que elas enfrentam ao procurar emprego. 

Para melhorar esse cenário, as empresas precisam promover um ambiente inclusivo, com as adaptações necessárias para acomodar diferentes necessidades e desenvolver políticas de inclusão. 

"Um ambiente mais inclusivo se baseia no tratamento igualitário de uma pessoa com ou sem deficiência. Assim, a pessoa com deficiência, além de mesma remuneração, tem direito à participação e ao acesso a cursos, treinamentos, educação continuada, planos de carreira, promoções, bonificações e incentivos profissionais oferecidos pelo empregador, em igualdade de oportunidades com os demais empregados", afirma Karina Schulte, especialista em Direitos e Inclusão da Pessoa com Deficiência, ao Terra NÓS.

Mas, para isso acontecer, os empregadores não podem se basear em mitos sobre as pessoas com deficiência na hora da seleção para as vagas. Eles reforçam estereótipos negativos e dificultam a progressão de carreira dessas pessoas.

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Mitos

Um dos mitos mais conhecidos acerca de PcDs é que aquela pessoa não é qualificada para o mercado de trabalho. A Lei de Cotas (Lei nº 8.213/1991) incentiva a presença de pessoas com deficiência em cursos de formação e qualificação profissional. Apesar de a realidade mostrar que essas pessoas têm um acesso à educação mais dificultado, elas ainda estão nesses lugares.

No ensino superior, na faixa entre 18 e 24 anos de idade, a frequência de pessoas com deficiência é de, respectivamente, 14,3% e 25,5%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"É um mito que merece ser extinto, uma vez que a capacidade vem também da disposição, e os PCDs têm de sobra", comentou a especialista.

No ensino superior, na faixa entre 18 e 24 anos de idade, a frequência de pessoas com deficiência é de, respectivamente, 14,3% e 25,5%
No ensino superior, na faixa entre 18 e 24 anos de idade, a frequência de pessoas com deficiência é de, respectivamente, 14,3% e 25,5%
Foto: iStock/FG Trade

Outro mito é que poucas pessoas com deficiência procuram emprego. Além da diminuição de vagas durante a pandemia, ainda há empresas, públicas e privadas, que não cumprem com a obrigação legal de incluir PcDs nos ambientes de trabalho, segundo Karina Schulte. No entanto, a diminuição de vagas para pessoas com deficiência não significa que elas não buscam emprego.

De acordo com o IBGE, o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência, considerando aquelas com dois anos ou mais. O número corresponde a 8,9% da população com essa faixa etária. 

Hoje, existem cerca de 17,5 milhões de pessoas com deficiência em idade de trabalhar no País, o equivalente a 10% da população dessa faixa etária, mas apenas 5,1 milhões estão ativamente na força de trabalho.

"A informalidade é bem maior entre as pessoas com deficiência (55%) do que entre as sem deficiência (38,7%). Além disso, é insignificante o número de pessoas com deficiência em cargo de chefia, ainda nos dias de hoje", afirmou Karina ao Terra NÓS, citando dados divulgados pelo IBGE.

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Uma vez contratadas, há quem diga que as pessoas com deficiência não podem ser cobradas como os demais funcionários da empresa. Esse mito, além de sugerir que elas não são capazes de cumprir com as mesmas expectativas de desempenho que outros funcionários, minimiza a presença dessa população no mercado de trabalho.

"É importante deixar claro que, se falamos de inclusão, o tratamento também precisa ser levado em consideração. Agora, nenhum tipo de assédio moral ou capacitismo deve ser tolerado por parte do empregador, tanto na área pública como na privada", afirmou Karina.

"As pessoas com deficiência são tão capazes como qualquer outra pessoa, cabendo a nós tirarmos as barreiras presentes em nosso cotidiano e fornecer os meios necessários para seu desenvolvimento, inclusive no mercado de trabalho", contou.

Karina ainda reforça que pessoas com deficiência podem, sim, ser demitidas, desde que todos os direitos rescisórios sejam garantidos. A especialista explica que esse ponto é importante de ser discutido já que alguns empregadores podem ter receio de contratar PcDs pela perspectiva de não poder seguir em frente com uma eventual dispensa. 

"É fundamental criar um ambiente onde todos se sintam valorizados", disse Karina Schulte
"É fundamental criar um ambiente onde todos se sintam valorizados", disse Karina Schulte
Foto: iStock/shironosov

Verdades

Por outro lado, existem afirmações importantes sobre essa população no mercado que podem ser consideradas verdadeiras, como elas impactarem positivamente na forma como as pessoas enxergam a empresa.

"A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho não apenas demonstra responsabilidade social, mas também enriquece a diversidade e perspectivas na empresa. Isso pode criar um ambiente mais inclusivo, promover a igualdade e contribuir para uma imagem positiva da empresa perante a sociedade", explicou a especialista em Direitos e Inclusão da Pessoa com Deficiência.

E a especialista vai mais longe: "Essas contratações também podem impulsionar a produtividade, evidenciando a importância da inclusão", disse. Isso porque PcDs podem trazer uma visão diferente para o ambiente de trabalho e indicar uma empresa mais diversa e acolhedora. 

"É fundamental criar um ambiente onde todos se sintam valorizados, desafiando estereótipos e promovendo uma cultura inclusiva a todos", finalizou Karina Schulte

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Fonte: Redação Nós
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