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Morre indígena baleado por garimpeiros em Roraima

Ataque também matou agente de saúde e feriu outro indígena

21 ago 2023 - 12h18
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Indígena Venâncio Xirixana foi baleado em ataque de garimpeiros à comunidade Uxiú, no Alto Mucajaí, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima
Indígena Venâncio Xirixana foi baleado em ataque de garimpeiros à comunidade Uxiú, no Alto Mucajaí, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima
Foto: Reprodução/Wikipedia

O indígena Venâncio Xirixana morreu neste domingo (20), no Hospital Geral de Roraima, após ser baleado em um ataque de garimpeiros à comunidade Uxiú, no Alto Mucajaí, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, em 29 de abril deste ano. Os tiros atingiram a vítima na região do intestino, desencadeando uma infecção, segundo informações da Associação Indígena Ninam (Taner) e da Hutukara Associação Yanomami (HAY).

A investida dos garimpeiros, segundo as entidades, também resultou na morte do agente de saúde indígena Ilson Xirixana, que não resistiu após levar um tiro na cabeça. Uma terceira pessoa, cujo nome não foi divulgado, também foi ferida por arma de fogo, mas sobreviveu.

As lideranças yanomami reclamam a elucidação do caso e a responsabilização do grupo que organizou o ataque à comunidade. "Não aguentamos mais ver o nosso sangue derramado dentro do nosso território por invasores, que além de roubarem as nossas riquezas, devastam, contaminam e nos matam. A dor do nosso povo é muito grande. Esse caso não pode ser esquecido, não pode ser só mais um. Queremos justiça! E mais uma vez reiteramos aos órgãos públicos a urgência da saída dos garimpeiros da nossa Terra-Floresta. Chega de mortes!", apelam as entidades.

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Histórico

No início deste mês, a HAY, a Associação Wanasseduume Ye'kwana (SEDUUME) e a Urihi Associação Yanomami lançaram, em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA), o relatório Nós Ainda Estamos Sofrendo LINK 1, que aponta que algumas medidas do poder público geraram resultados, mas que parte dos garimpeiros têm retornado ao território yanomami por via fluvial. Os invasores, relatam as lideranças, têm permanecido em pontos como Papiu, Parafuri, Xitei e Homoxi, próximos das aldeias e chegam em voos regulares de helicóptero.

Neste mês de agosto, completa 30 anos o episódio que ficou conhecido como Massacre de Haximu LINK 2, o primeiro e único caso reconhecido pela Justiça brasileira como um crime de genocídio na história do país.

A chacina ocorreu em 1993, quando garimpeiros ilegais do Alto Orinoco descumpriram um acordo feito com os yanomami que viviam em uma região montanhosa de fronteira entre o Brasil e a Venezuela. No dia 15 de junho, sete garimpeiros convidaram seis indígenas para caçar e executaram quatro deles durante o percurso.

Em retaliação, os yanomami assassinaram um dos garimpeiros. Pouco mais de um mês se passou e, no dia 23 de julho, um grupo de garimpeiros invadiu a aldeia, onde estavam alguns yanomami – a maioria, mulheres e crianças –, e mataram a tiros e golpes de facão 12 yanomami. As vítimas foram um homem, uma mulher, três adolescentes, duas idosas, quatro crianças e um bebê.

A Agência Brasil procurou o Ministério dos Povos Indígenas, a Fundação dos Povos Indígenas (Funai) e o Ministério da Justiça e Segurança Pública e aguarda retorno.

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Edição: Fernando Fraga

Agência Brasil Agência Brasil
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