Morre Zé Celso, diretor icônico que revolucionou o teatro brasileiro
Encenador faleceu após incêndio em seu apartamento na zona sul de São Paulo
Morreu nesta quinta-feira, 6, o diretor José Celso Martinez Corrêa aos 86 anos de idade, após um incêndio em seu apartamento, na zona sul da cidade de São Paulo.
A polícia investiga se um aquecedor elétrico teria iniciado o incêndio, que teria se alastrado na direção da cama do diretor. Zé Celso teve queimaduras em diversas partes do corpo. Após cirurgias no Hospital da Clínicas de São Paulo, o ator e diretor não resistiu.
Outros três atores dormiam no imóvel quando o incêndio aconteceu, inclusive o marido do diretor, Marcelo Drummont, que inalou fumaça, mas apenas Zé Celso ficou em estado grave. Ricardo Bittencourt e Victor Rosa foram socorridos pelos bombeiros e encaminhados para uma UPA próxima ao local. Segundo a assessoria do Teatro Oficina, o cachorro Nagô, que também estava no local, chegou a ser encaminhado para uma clínica veterinária, mas já recebeu alta.
Zé Celso e Marcelo Drummont se casaram recentemente, no dia 06 de junho de 2023, após 37 anos de união.
Zé Celso nasceu em Araraquara, interior de São Paulo, e se mudou para a capital para estudar Direito na faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, onde fundou a companhia Teatro Oficina.
O encenador é um dos mais conceituados e premiados do país e revolucionou o teatro brasileiro com seus longos e dionisíacos espetáculos, compostos de grandes coros, reflexões, provocações e poesias.
Ao longo de seis décadas, Zé dirigiu espetáculos de grandes autores, como Samuel Beckett, Eurípides, William Shakespeare e Oswald de Andrade, protagonizados por grandes nomes como Júlia Lemmertz, Alexandre Borges, Camila Mota, Sylvia Prado, Pascoal da Conceição, Leona Cavalli, entre outros.
O diretor lutou por toda sua vida contra a LGBTfobia. Além de homossexual assumido, Zé lidou com o assassinato do irmão Luís Antônio Martinez Corrêa, em 1987, morto com 107 facadas por ser gay. Na época, com a ajuda das atrizes Fernanda Montenegro, Marieta Severo e Marília Pêra, entre outras, o diretor conseguiu que o caso fosse investigado e o assassino preso.
Zé Celso também era um grande entusiasta do Parque do Bixiga, projeto que preve a criação de um parque no entorno do teatro onde a companhia atua. O terreno de propriedade de Silvio Santos ficou em disputa por mais de quatro décadas.