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Movimento #MeToo faz cinco anos; veja as consequências

Os artigos sobre Harvey Weinstein e o subsequente movimento #MeToo desencadearam uma avalanche de acusações contra figuras poderosas e, em últimas instância, reconfiguraram a forma como a imprensa cobre as histórias de poder e abuso sexual

5 out 2022 - 05h11
(atualizado às 09h41)
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Harvey Weinstein
Harvey Weinstein
Foto: Reuters

Segundo Ronan Farrow, cujo trabalho de jornalismo investigativo foi chave para queda de Harvey Weinstein, "a vontade de noticiar sobre esse tipo de crime é mais forte nas redações do que há cinco anos". "Parece que estamos em uma era realmente promissora em relação à disposição de repórteres e editores de ir atrás de vacas sagradas e confrontar instituições poderosas", declarou à AFP o colaborador da revista The New Yorker.

As revelações de Farrow sobre Weinstein lhe renderam um prêmio Pulitzer em 2018, que compartilhou com Jodi Kantor e Megan Twohey, duas repórteres do New York Times. Ambas se recusaram a dar entrevista para este artigo.

Após as primeiras histórias publicadas por esses dois veículos, em outubro de 2017, a cobertura midiática do #MeToo e de casos de abuso sexual aumentou 52% no ano seguinte, segundo a organização feminista Women's Media Center. "Este foi um ano em que a mídia e a própria verdade estiveram sob assédio", disse a presidente da organização quando o estudo foi publicado.

"Ao expor práticas individuais e institucionais horríveis, vemos uma oportunidade para nova transparência e mudanças permanentes em direção a uma maior igualdade e poder para as mulheres".

Depois do caso de Weinstein, as denúncias de atos criminosos de figuras importantes como o financista Jeffrey Epstein e o cantor R. Kelly foram reexaminas à luz de uma nova era, e suas acusadoras foram levadas muito mais a sério.

Para Scott Berkowitz, presidente e fundador da organização americana contra violência sexual RAINN, "uma das grandes consequências do #MeToo tem sido mostrar às pessoas que elas não estão sozinhas, que isto é algo que acontece a milhões de pessoas".

RAINN gerencia a linha telefônica nacional de agressão sexual dos Estados Unidos e, segundo Berkowitz, nos cinco anos desde #MeToo, as chamadas duplicaram.

"Acredito que ver mais conversas sobre o tema faz com que se sintam-se mais seguras de falar do que viveu", afirma. Desde a criação da Rainn há quase 30 anos, "há uma melhora constante na maneira que é feita a cobertura do tema", disse Berkowitz à AFP.

"A mídia como um todo é agora muito, muito mais consciente de que há um sobrevivente por trás da história" e, portanto, cobrem isto "com empatia e compreensão", afirma. Além disso, explica Farrow, nos últimos anos os jornalistas passaram a considerar que a violência sexual merece ser investigada como, por exemplo, os crimes corporativos ou os relacionados à segurança nacional.

"Acredito que parte do problema que surgiu em torno dessa questão em particular é que houve uma espécie de silenciamento da violência sexual, que era visto como um tema menos refinado que outros tipos de reportagens sobre crimes", aponta. Mas enquanto a imprensa claramente aumentou a visibilidade do #MeToo e amplificou debates sobre violência sexual, fatores limitantes seguem presentes.

A conversa permanece centrada nas experiências de celebridades e mulheres brancas, segundo um estudo de 2019 que analisa a cobertura do #MeToona imprensa britânica, realizado por Sara De Benedictis, Shani Orgad e Catherine Rottenberg. Sua análise dos primeiros seis meses da cobertura do #MeToo levou à conclusão de que o movimento ajudou a reforçar uma versão do feminismo que "coloca em primeiro plano as mulheres brancas, e muitas vezes as mulheres brancas com uma quantidade substancial de capital econômico, social e cultural."

Ainda assim, Berkowitz diz que o movimento pressionou as empresas a assumirem um papel mais proativo, "em termos de educar e garantir que respondam melhor a alegações de má conduta sexual" e essa é "uma maneira tangível" de ajudar as pessoas no cotidiano. O diretor da RAINN também argumenta que, embora "as atividades e a compreensão tenham melhorado (...), não está claro se isso já se traduziu em uma redução real da violência sexual". Por isso, defende que sigam prestando "atenção constante" às informações sobre abuso: "A cobertura constante disso terá um impacto nas pessoas e as lembrará como é comum e o que podem fazer para ajudar a detê-lo".

Estadão
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