Movimento negro tem agenda com Rosa Weber por fim de operações de vingança em favelas
Organizações da sociedade civil têm agenda marcada também com o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais; encontros acontecem de modo simultâneo com manifestações pelo país Texto: Pedro Borges | Edição: Nataly Simões | Foto: José Cruz/Agência Brasil
Organizações do movimento negro participam em Brasília (DF) de reuniões com os poderes executivo, legislativo e judiciário nesta quarta (23) e quinta-feira (24). A expectativa é apresentar demandas durante as manifestações confirmadas em 24 capitais e dezenas de cidades em todo o país contra o assassinato da liderança quilombola Mãe Bernadete e as recentes chacinas efetuadas pelas polícias nos estados de São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro.
O movimento negro tem agenda confirmada com a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), na tarde do dia 24. A ideia é apresentar para a ministra um plano de proibição por parte da corte acerca de operações policiais de caráter de vingança, como a Escudo, no litoral paulista, que deixou 19 pessoas mortas, até o momento, depois da execução do policial da Rota, Patrick Reis, no Guarujá, no fim de junho.
Os representantes do movimento negro também têm encontro marcado com Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, interlocutor do governo federal com a sociedade. Há ainda a expectativa de um encontro com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e os ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Márcio Macedo, da Secretaria Geral da Presidência.
Em todos os casos, o objetivo é solicitar um plano nacional de indenização das famílias vítimas da violência de Estado e uma ação para federalizar a necessidade de câmeras nas fardas dos policiais. Os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, também tiveram agendas solicitadas.
Douglas Belchior, um dos articuladores da agenda e dos atos pelo Brasil, condena a violência contra pessoas negras pelo país. "A face ignorada do Brasil está desenhada nos assassinatos cometidos pelas polícias todos os dias, no horror de crianças baleadas e mortas e na brutalidade da violência civil, estimulada pelo Estado, de uma líder política, quilombola, mulher negra e Yalorixá violentamente assassinada, quando devia estar sendo protegida. Esta é a face do Brasil real, racista, que persegue lideranças, jovens e crianças negras, machista, misógino e intolerante com as religiões de matriz africana. Basta!", afirma.
Os encontros ocorrem no mesmo dia em que acontecem manifestações por todo o país, em resposta à morte de Mãe Bernadete, e às chacinas ocorridas em São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro. Os protestos são convocados por duas frentes de entidades, a Coalizão Negra por Direitos e a Convergência Negra, que aglutinam grupos como Uneafro Brasil, Movimento Negro Unificado (MNU), Coletivo de entidades negras (CONEN), Unegro, Geledés, entre outras.
O ato foi definido no dia 10 de agosto, depois de uma reunião virtual com a participação de 250 pessoas. A data também foi escolhida como uma forma de recordar a morte de Luiz Gama, ativista abolicionista, figura importante da história brasileira.
Relembre os casos
Os manifestantes protestam contra a morte de Mãe Bernadete, assassinada no Quilombo Pitanga dos Palmares, na Bahia, em 17 de agosto. Dois homens armados e com capacete invadiram a casa da líder quilombola e dispararam contra ela, que morreu no local. Ela estava sob o programa de proteção de defensores de direitos humanos, mas os familiares contaram que os policiais ficavam cerca de 30 minutos por dia com Mãe Bernadete.
Os protestps também são uma reação à chacina no litoral paulista, quando 19 pessoas foram mortas pela chamada Operação Escudo, iniciada pela Polícia Militar de São Paulo no fim de junho. No mesmo período, houve ações policiais no Rio de Janeiro e na Bahia. Na capital fluminense, no complexo da Penha, policiais mataram 10 pessoas no dia 2 de agosto, sob a alegação de combater o crime organizado na região. Na Bahia, as forças policiais tiraram a vida de 32 pessoas entre 28 de julho e 4 de agosto, depois de operações policiais também sob a justificativa de combate ao crime organizado.
Atos confirmados:
REGIÃO NORTE
Manaus (AM)
Dia 24/08 | 16h
Concentração na Praça da Saudade e caminhada até a Praça da Matriz
Macapá (AP)
Dia 24/08 | 16h
Mercado Central - Rua Cândido Mendes
Rio Branco (AC)
Dia 24/08 | Das 8h às 12h
Assembleia Legislativa
Belém (PA)
Dia 24/08 | 17h
Concentração na Praça do Can, marcha em direção ao quilombo da república
REGIÃO NORDESTE
Recife (PE)
Dia 24/08 | 16h30
Praça UR11, Ibura
Aracaju (SE)
Dia 24/08 | 15h
Praça Camerino
Teresina (PI)
Dia 24/08 | 16h
Local: Em frente ao Parque da Cidadania
Salvador (BA)
Dai 24/08 | 9h
Em frente a Igreja do Bonfim
Santo Antônio de Jesus (BA)
Dia 24/08 | 9h
Praça de São Benedito
São Luís (MA)
Dia 24/08 | 16h
Praça Deodoro
REGIÃO CENTRO-OESTE
Goiânia (GO)
Dia 24/08 | 16h
Praça do Bandeirante
Brasília (DF)
Dia 24/08 | 15h
Concentração no Museu Nacional, caminhada até o Ministério da Justiça
Cuiabá (MT)
Dia 24/08 | 12h
Praça da Mandioca, em frente ao Centro Cultural Casa das Pretas
REGIÃO SUDESTE
São Paulo (SP)
24/08 | 18h
MASP - Avenida Paulista
Limeira (SP)
Dia 24/08 | 18h
Praça Toledo de Barros - Centro
São José do Rio Preto (SP)
Dia 24/08 | 12h
Local: Defensoria Pública
Jarinu (SP)
Dia 24/08 | 18h
Praça da Matriz
Campinas (SP)
Dia 24/08 | 18h
Largo do Rosário
Belo Horizonte (MG)
Dia 24/08 | 17h30
Praça 7
Juiz de Fora (MG)
Dia 24/08 | 18h
Em frente à Câmara Municipal - Parque Halfeld
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 24/08 | 16h
Candelária
Vitória (ES)
Dia 24/08 | 16h
Praça de Itararé
REGIÃO SUL
Curitiba (PR)
Dia 24/08 | 18h
Praça Santos Andrade
Londrina (PR)
Dia 24/08 | 17h
Concha Acústica
Florianópolis (SC)
Dia 24/08 | 18h
Em Frente ao Morro do Mocotó
Porto Alegre (RS)
Dia 24/08 | 17h30
Esquina Democrática (Concentração)
Pelotas (RS)
Dia 24/08 | 17h
Chafariz do Calçadão