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Movimentos criticam nomeação de mulher branca para comandar pasta de Igualdade Racial no Tocantins

Entidades apontam que a escolha de pessoas brancas para comandar o órgão racial do município desrespeita a luta histórica do movimento negro

25 jan 2024 - 12h23
(atualizado às 15h07)
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A imagem mostra a educadora Cleizinir Divina dos Santos, mulher branca, escolhida pela prefeitura de Palmas para comandar a pasta de Igualdade Social da cidade.
A imagem mostra a educadora Cleizinir Divina dos Santos, mulher branca, escolhida pela prefeitura de Palmas para comandar a pasta de Igualdade Social da cidade.
Foto: Alma Preta

Entidades do movimento negro no Tocantins se manifestaram contra a nomeação da nova titular da Secretaria Municipal de Políticas Sociais e Igualdade Racial de Palmas, a educadora Cleizinir Divina dos Santos, uma mulher branca. Os coletivos repudiam a falta de representatividade na liderança da pasta e pedem que a prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB) reconsidere a decisão.

Marcos da inclusão racial do Brasil Marcos da inclusão racial do Brasil

O Movimento Negro Unificado (MNU Tocantins), maior entidade de representação do povo negro no estado, afirmou em nota de repúdio publicada nas redes sociais estar em "profunda consternação" com a escolha, apesar de "louvável" a criação da pasta.

"É com pesar que observamos, mais uma vez, a ausência de representatividade das pessoas negras no comando das decisões e no primeiro e segundo escalão desta pasta. Uma das faces mais profundas do racismo é o chamado Racismo Institucional, o qual se manifesta na reprodução, por parte de órgãos de estado, governo e instituições públicas, da lógica da exclusão, discriminação, exploração e/ou agressão ao povo negro", afirma o órgão.

O MNU Tocantins, que atua há 45 anos na defesa dos direitos de pessoas negras, pontua que apontar duas pessoas brancas para um tema que não lhes compete reproduz uma das práticas mais clássicas de racismo.

"A necessidade da criação de uma secretaria que trate da questão racial em Palmas se dá exatamente pelo fato de o povo negro Palmense ser constantemente preterido e afastado de espaços e oportunidades que lhe garanta mais dignidade e crescimento", finaliza.

O Coletivo Feminista de Mulheres Negras do Tocantins - Ajunta Preta, também mostrou preocupação e repúdio diante da nomeação. Para o coletivo, a nomeação "ignora a importância de designar pessoas negras para a condução de estruturas públicas que tem como missão promover a igualdade racial, considerando que a representatividade é fundamental para abordar as desigualdades históricas e estruturais enfrentadas pela comunidade negra em nossa cidade".

A carta de repúdio publicada nas redes do Ajunta ainda afirma esperar que a prefeita de Palmas reconsidere a nomeação, "buscando uma abordagem mais inclusiva e representativa, alinhada com os princípios da promoção da igualdade racial".

Assim como o MNU Tocantins, o coletivo se colocou à disposição para a indicação de nomes com trajetória política e competência para liderar a pasta.

A Secretaria de Combate ao Racismo do Partido dos Trabalhadores em Tocantins (PT-TO), o Coletivo Somos e o Coletivo de Juventude Negra - Enegrecer Tocantins também se manifestaram, pontuando que a escolha de Cinthia, apesar de seu currículo, desrespeita as lutas históricas do movimento negro.

A Prefeitura de Palmas ainda não se posicionou a respeito do assunto.

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Alma Preta
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