MP investiga desfile cívico com crianças negras acorrentadas

O Ministério Público e a Defensoria Pública do Paraná abriram um processo para apurar um desfile cívico realizado na cidade de Piraí do Sul, no Paraná, no dia 18 de setembro. Com o intuito de celebrar o bicentenário da Independência, que aconteceu no dia 7 do mesmo mês, o desfile contou com um grupo de crianças negras acorrentadas representando pessoas escravizadas no Brasil colonial.  

Em vídeo publicado no Instagram oficial da prefeitura da cidade, que tem pouco mais de 25 mil habitantes, é possível ver o grupo de crianças, estudantes da escolas municipal, seguindo atrás de um carro que simula uma embarcação portuguesa composta exclusivamente por pessoas brancas.

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Em nota a prefeitura da cidade negou racismo no ato. "Em momento algum o ato ficou caracterizado como ofensa aos negros nem se destinou a qualquer desrespeito à dignidade da pessoa humana. Levando-se em consideração o contexto, tanto do momento do desfile quanto das ações cotidianas da escola, repudia-se qualquer menção ao racismo ou otra forma de preconceito", e afirmou ainda que as escolas "possuem autonomia para manifestações". 

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o coordenador do Núcleo da Infância e Juventude da Defensoria Pública Fernando Redede Rodrigues, afirmou que "A escravidão e o racismo foram reafirmados na cultura brasileira e temos que enfrentar [o problema] como sociedade, mas colocar isso numa celebração, com crianças, é leviano".

Defesoria e Ministério Público aguardam manifestação da prefeitura, que foi chamada para depoimento, e a Defensoria Pública está investigando se os pais tinham conhecimento de que os filhos estariam no desfile representando pessoas escravizadas, assim como qual a relação do desfile com o processo pedagógico escolar.