MPF decide investigar Valadão após pastor sugerir que fiéis matassem pessoas LGBTQIA+
Em discurso durante um culto na Igreja Batista de Lagoinha, nos Estados Unidos, André Valadão fez declarações homotransfóbicas
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimento para apurar possível prática de homofobia por parte do líder religioso André Valadão. O procurador regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) no Acre, Lucas Costa Almeida Dias, será o responsável pelo procedimento.
A decisão, anunciada no início da noite desta segunda-feira, 3, é uma reação às declarações homofóbicas feitas pelo pastor durante um culto de domingo, 2, na Igreja Batista de Lagoinha, em Orlando, nos Estados Unidos. Na ocasião, ele repreendeu a união civil entre pessoas do mesmo sexo.
"Não é um mero casamento. O que vale é toda forma de amor; deixa casar, deixa viver… Aí hoje você vê nas paradas homens e mulheres nuas, com seus órgãos genitais completamente expostos, dançando na frente de crianças... Aí você horroriza, mas essa porta foi aberta quando nós tratamos como normal o que a Bíblia já condena", exclamou o religioso.
Em outros vídeos que circulam pela internet, Valadão incita os fiéis a matarem pessoas da comunidade LGBTQIA+.
"Agora é a hora de tomar as cordas de volta e dizer: pode parar, reseta! Mas Deus fala que não pode mais", afirma o pastor. "Ele diz: 'Já meti esse arco-íris aí. Se eu pudesse, matava tudo e começava de novo, mas prometi que não posso'. Agora tá com vocês".
A união civil entre pessoas do mesmo sexo foi considerada legal pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em maio de 2011. Dois anos depois, em 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) estabeleceu que cartórios de todo o país celebrem os casamentos entre pessoas do mesmo gênero.
Ataques anteriores
Não é a primeira vez que o pastor envagélico discursa contra a comunidade LGBTQIA+. No começo de junho deste ano, ele publicou um post no seu Instagram dizendo que "Deus abomina o orgulho", em uma referência ao movimento LGBTQIA+. No post, a palavra "orgulho" estava colorida com as cores do arco-íris, símbolo dessa comunidade.
A publicação divulgava um culto da igreja da qual faz parte. O ódio de Valadão se voltou para o mês de junho, dedicado a reivindicar direitos e respeito à diversidade sexual e de gênero.
"Quem peca tem a tendência de se esconder e não 'sair do armário', porque o pecado gera falta de paz e medo das consequências", afirmou Valadão no altar. Para ele, é um ultraje ter orgulho de ser da comunidade LGBTQIA+.