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Mulher cega cai nos trilhos do metrô em SP e escapa de acidente ao deitar enquanto trem passava

Magda de Souza Paiva, 45, não recebeu o auxílio de funcionários da companhia e caiu na via ao perder a referência do piso tátil da plataforma

3 set 2022 - 00h11
(atualizado em 5/9/2022 às 10h54)
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Pessoas circulam pela estação Corinthians-Itaquera da linha 3-Vermelha do Metrô
Pessoas circulam pela estação Corinthians-Itaquera da linha 3-Vermelha do Metrô
Foto: Taba Benedicto/Estadão

Após cair sobre os trilhos do Metrô de São Paulo na manhã da última quinta-feira, 1º de setembro, na estação Trianon-Masp (linha 2-verde), uma passageira com deficiência visual conseguiu escapar do que poderia ser um acidente fatal. Pouco depois da queda, um trem passou sobre Magda de Souza Paiva, de 45 anos, que, deitada no chão, conseguiu não ser atingida pelos vagões.

A passageira não teve ferimentos graves. Mesmo assim, após o resgate, ela precisou ser encaminhada para o Hospital das Clínicas, e teve alta na manhã desta sexta-feira, 2.

Quando sofreu o acidente, Magda estava fazendo um trajeto que costuma realizar todos os dias da sua casa, na Mooca, zona leste, até a Avenida Paulista, onde trabalha. Ela é assessora da senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), candidata à Vice-Presidência na chapa da companheira de Senado, Simone Tebet (MDB-MS).

Magda contou ao Estadão que, ao desembarcar na Trianon-Masp, não encontrou um funcionário para ajudá-la, mesmo solicitando o auxílio, previsto nas diretrizes da companhia

Sem o suporte do funcionário, a assessora tentou sair da estação sozinha. "Eu tentei caminhar até a escada rolante, mas eu perdi a referência do piso tátil, e caí de pé em um buraco", lembra Magda.

"Quando eu fui tentar sair, as pessoas que estavam na plataforma começaram a gritar para eu abaixar. Foi quando eu entendi que estava na via. Eu ouvi que o trem estava vindo e deitei de costas para baixo. O trem ficou sobre mim, mas não por inteiro. Dei muita sorte. Eu deitei no lugar certo sem enxergar nada", diz a assessora em tom de alívio.

A equipe de resgate levou cerca de 20 a 30 minutos para retirar Magda de Paiva de forma segura dos trilhos. Foi necessário, primeiro, desenergizar o local para evitar um possível choque. Magda não teve escoriações ou machucados graves. Mesmo assim, foi conduzida para o Hospital das Clínicas para a realização de exames.

A assessora espera que o caso provoque melhorias no Metrô, a começar pelo aumento de funcionários. Segundo ela, a quantidade de trabalhadores não é suficiente para atender toda a demanda exigida nas estações.

"É comum desembarcar e não ter funcionário para ajudar, assim como é normal ficar na catraca esperando alguém também", critica Magda, que diz já ter usado o canal do 0800 para denunciar a falta de funcionários.

Por meio de nota, o Metrô afirma que o acidente foi "ocasionado pela falha de um funcionário", que recebeu uma punição por não ter cumprido o protocolo de atendimento às pessoas com deficiência "à risca".

A companhia informou também que o atual quadro de funcionários é projetado para atender a demanda diária, que "era de 3,7 milhões de passageiros antes da pandemia", e que agora é 32% menor. Segundo o Metrô, agentes de segurança aprovados em concurso vão ser chamados a partir de janeiro.

Também por meio de comunicado, o sindicato dos Metroviários repudiou o posicionamento do Metrô ao punir um funcionário e afirmou que o problema da falta de trabalhadores é denunciado com frequência pela categoria.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso foi registrado pela Delegacia do Metropolitano (Delpom), que requisitou as imagens do sistema de monitoramento da estação.

Independência

Moradora da região da Mooca, zona leste da capital, Magda de Souza Paiva precisa desembarcar em três estações diferentes até chegar no trabalho. Ela vai com o marido até a Sé, onde ele desce para trabalhar, e segue o caminho com o auxílio dos funcionários. Em seguida, ela desembarca na estação Paraíso, onde pega outro trem para chegar à estação Trianon-Masp.

Apesar do susto e de ainda se encontrar em trabalho de elaboração sobre o que aconteceu, Magda dispensa mudar a rotina ou trocar a forma de locomoção por conta do acidente. "Não posso deixar de ser uma pessoa independente. Eu quero continuar. Não sei ainda como lidar com isso, como minha cabeça vai processar. Apesar de tudo, acho o Metrô fantástico. Só acho que precisa melhorar um pouco mais a sua gestão."

Estadão
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