Mulher é morta com três tiros pelo ex-marido na Vila Leopoldina, zona oeste de SP
Assassino foi encontrado pela polícia, mas cometeu suicídio durante as negociações para se entregar; feminicídios tiveram alta no Estado
Um homem de 56 anos assassinou a ex-mulher com três tiros e depois se matou na manhã desta terça-feira, 1º, na Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo. O caso foi registrado como feminicídio e suicídio pelo 91º Distrito da Policial Civil (Ceasa).
O autor do crime foi identificado como José Roberto Leandro, analista financeiro que se separou havia poucos meses da secretária Jussara Burguês, de 46 anos. Ele aguardou a ex-mulher sair para o trabalho, por volta das 9 horas.
Leandro a encurralou em frente ao condomínio onde ela morava, na rua Carlos Weber, e fez quatro disparos. Três tiros acertaram a vítima. Ela foi socorrida ainda com vida e encaminhada pela Unidade de Resgate ao Pronto Socorro da Lapa, também na zona oeste de São Paulo, mas não resistiu.
O assassino fugiu e foi encontrado pela Polícia Militar em sua casa, cerca de duas horas depois. Ele se trancou na residência e pediu um psicólogo e um advogado ao Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da PM. Durante as negociações, Leandro chegou a dizer que iria se entregar, mas atirou contra si mesmo. Ele morreu no local.
Um revólver 9 milímetros foi utilizado para o assassinato e para o suicídio. Segundo informações da Polícia Civil, ela pertencia a Leandro, que tinha os registros em dia. Não havia histórico de violência doméstica registrado pela Polícia Civil.
O ex-casal não tinha filhos. A ocorrência foi acompanhada por uma irmã de Jussara, que mora em Campinas.
O total de feminicídios no Estado de São Paulo teve alta de 33% no 1º semestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Nos seis primeiros meses do ano passado, foram 83 mortes desse tipo. Entre janeiro e junho de 2022, foram 111 registros.
Supremo derruba tese da legítima defesa da honra
Nesta terça-feira, por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal derrubou a tese de legítima defesa da honra, usada como argumento para justificar feminicídios em ações criminais, sobretudo quando os réus são levados a júri popular. Com a decisão, a defesa de acusados, a Promotoria, a polícia e a Justiça não podem usar a tese durante a investigação ou julgamento de feminicídios.
Em 2015, o governo federal sancionou a Lei do Feminicídio, que transforma em crime hediondo o assassinato de mulheres decorrente de violência doméstica ou de discriminação de gênero.
Normas sobre armas passaram por revisão
Desde o mês passado, foram retomadas normas de concessão de armas a civis que existiam em 2018. Pistolas 9mm, como a usada no feminicídio da Vila Leopoldina, a arma .40 e .45 ACP voltaram a ser de uso restrito das forças de segurança. Armas longas de alma lisa semiautomáticas também passam a ser restritas, conforme as novas regras do Ministério da Justiça.