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Mulher resgatada de situação análoga à escravidão relata ataque de patroa com água fervente

Fátima Aparecida Ribeiro, de 54 anos, foi resgatada pelo Ministério do Trabalho e hoje vive em casa destinada a vítimas

17 jul 2024 - 18h33
(atualizado em 25/7/2024 às 14h46)
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Mulher resgatada em trabalho análogo à escravidão relata ataque de patroa com água fervente
Mulher resgatada em trabalho análogo à escravidão relata ataque de patroa com água fervente
Foto: Reprodução/TV Globo

Ao longo da maior parte de sua vida, Fátima Aparecida Ribeiro, de 54 anos, viveu e trabalhou em situação análoga à escravidão na residência de uma família de Belo Horizonte (MG). Após ser resgatada, a mulher revelou que a promessa de uma oportunidade de estudos se tornou trabalho não remunerado, com situações degradantes e violência. 

O relato foi dado ao Profissão Repórter, da TV Globo, exibido na última terça-feira, 16. Atualmente, a mulher vive em Uberlândia, na região do Triângulo Mineiro, em uma casa destinada a empregadas domésticas resgatadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). 

Fátima conta que chegou na casa em que trabalharia ainda adolescente, órfã de pai e mãe, sob a promessa de oportunidades de estudo. No entanto, ela se tornou empregada sem remuneração: "Ela me falava [a empregadora] que ninguém ia me querer porque eu era negra, aí eu fiquei com aquilo". 

"Nunca tive quarto, não. Dormia no chão da sala, em um forrinho. 'Custei' a acostumar com a cama. Também não [tinha escova de dentes], passava o dedo nos dentes com sabão", narrou Fátima. 

A mulher também carrega as marcas de agressões causadas pela família para a qual trabalhava. Nas pernas, Fátima mostrou cicatrizes provocadas por água fervente, atirada pela ex-patroa. 

"Ela pegou uma vasilha de água e jogou nas minhas duas pernas. A água 'tava' fervendo, 'tava' até borbulhando", contou. 

O caso de Fátima chegou ao MTE por denúncias de vizinhos. Além de não pagar salários durante quatro anos, a família da capital mineira que a escravizou recebeu, no nome dela, um benefício do INSS, equivalente a um salário-mínimo mensal. 

“A vizinha um dia foi falar comigo assim: 'Ué, dona Fátima, eu acho que você tem dinheiro lá no banco, porque eu vi a mãe e a filha dela, tirando o seu dinheiro com o seu documento'. A filha dela pegou e falou assim: 'Não, ela tem dinheiro porque ela é meio doida, e a gente estava recebendo para ela e a gente estava dando para ela o dinheiro'. Eu nem sabia que eu estava recebendo esse dinheiro”, contou. 

A Justiça determinou que Fátima receba os salários que não foram pagos, além de indenização pelas situações degradantes e as violências sofridas. Segundo a reportagem, os antigos patrões já morreram, e os advogados da família recorreram da decisão. 

Fonte: Redação Terra
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