Mulheres gordas no mercado de trabalho: como atravessar os desafios?
Dificuldade de encontrar roupas, descrédito dos chefes e comentários inadequados são assuntos abordados no talk da Casa Clã
A gordofobia é um preconceito estrutural que atinge a sociedade como um todo, afetando negativamente pessoas gordas em relações amorosas, do dia a dia e até no mercado de trabalho. E esse foi o foco do debate do talk Empoderamento e autoamor: mulheres gordas no mercado de trabalho, que aconteceu Casa Clã.
O evento, produzido pelas marcas da Editora Abril reúne a Elástica e as três revistas femininas: Claudia, Bebê e Boa Forma a fim de celebrar o mês da mulher - refletindo os desafios do cotidiano e a potência feminina.
A apresentação contou com a modelo Letticia Munniz, a psicóloga Gabi Menezes e a roteirista Mabê Bonafé. As três compartilharam suas experiências e relataram todas as dificuldades de lidar com esse problema no dia a dia, além de comentar como atravessá-lo. A mediação ficou por conta de Alessandra Balles, editora-chefe da Veja SP.
Segundo a pesquisa A Contratação, a Demissão e a Carreira dos Executivos Brasileiro, 65% dos diretores e presidentes de empresas apresentaram restrição na contratação de pessoas gordas. Bullying dos colegas e falta de estrutura (como cadeiras, por exemplo) dentro do ambiente corporativo, também precisam ser combatidos. "Já cheguei em um trabalho para posar em que a marca não tinha roupas do meu tamanho. Tive que vestir uma calça que não fechava e me machucou - os organizadores usaram um pano para cobrir essa parte e não interferir na sessão de fotos", afirma Letticia.
Outro tópico abordado foi a falta de pessoas gordas ocupando cargos altos e de liderança nas empresas. "Se você e uma pessoa magra estão na mesma posição e alguém vai ser promovido, decerto não será você", comenta Gabi. "E isso é muito difícil e mostra que ainda há muito o que combater."
Ao mesmo tempo em que existe essa cobrança, elas lembram da dificuldade na hora de comprar roupas - apesar das mudanças que temos acompanhado no mundo da moda. "Você tem que estar muito bem vestida porque senão é vista como relaxada. Anos atrás, fui recepcionista de um restaurante que não tinha uniforme, mas o dono dizia como ele gostava que a gente se vestisse. Eu e minha amiga usávamos a mesma roupa, mas ele sempre me falava que eu não estava arrumada. Ela sempre estava e eu, não", conta Letticia.
Para finalizar, as convidadas propuseram alguns meios de hackear o sistema:
• Tenha referências de pessoas e profissionais que se pareçam com você. "Por muito tempo, segui pessoas muito magras e acabei desenvolvendo diversos transtornos alimentares", diz Letticia. "Com 28 anos, encontrei no Instagram uma modelo com o corpo igual ao meu - e isso foi muito potente."
• Denuncie qualquer comentário negativo aos gerentes da empresa e ao RH.
• Debata sobre o tema - seja você uma pessoa magra ou gorda. O conhecimento é a principal fonte do combate ao preconceito.
"Casa Clã"
QUANDO: de 8 a 11 de março
ONDE: Casa Higienópolis, na Avenida Higienópolis, 758 - Consolação, São Paulo - SP
Com patrocínio de MSD e Buscofem, e apoio de Kia, Intimissimi, Calzedonia, Sculptra, ANK Jewellery e LinkedIn.