Mulheres negras são maioria no país, mas recebem apenas 10,7% do total da renda do trabalho
Dados do Pnud também mostram que os domicílios brasileiros de responsabilidade das mulheres negras representam 27,4%
Mulheres negras são a maioria da população brasileira, porém possuem a menor fatia dos rendimentos. Elas também abrigam mais pessoas e crianças em suas casas, se comparado com os demais grupos. Os dados são do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
As mulheres negras são a maioria da população brasileira, sendo mais de 60 milhões, equivalente a 28,5% do total. Elas também correspondem à maior percentagem da população em idade ativa, cerca de 48,3 milhões (28,4%). Os dados são do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), divulgados nesta terça-feira, 28.
O relatório destaca, no entanto, que "o grupo de mulheres negras dispõe da menor fatia da massa total de rendimentos do país". No que diz respeito ao mercado de trabalho, que é a principal fonte de recursos monetários da população brasileira, é possível ver uma maior disparidade entre as mulheres negras e os demais grupos, em relação a sua capacidade de obter rendimentos.
"Nesse âmbito, de forma marcadamente desproporcional à sua participação na população ou na força de trabalho brasileira, apenas 10,7% do total da renda recebida pela oferta de trabalho no país é destinado às mulheres negras", diz o relatório.
E apesar dos programas sociais atingirem mais as mulheres negras (46,5%), "a focalização desses programas, face às desigualdades encontradas nos rendimentos de outras fontes, principalmente os rendimentos provenientes do trabalho", ainda é insuficiente para mudar as desvantagens às quais elas são submetidas.
Domicílios brasileiros
Os dados do Pnud também mostram que os domicílios brasileiros de responsabilidade das mulheres negras representam 27,4%. Esses domicílios, inclusive, abrigam mais pessoas (29,5%) e crianças (34,7%), se comparado com os demais grupos.
"Isso implica dizer que 60% da população brasileira mais pobre é, em grande parte, dependente das condições de trabalho e vida das mulheres negras", afirma o relatório.
Segundo o Pnud, as mulheres negras são mais suscetíveis a menores possibilidades de estudo, a uma menor longevidade e a uma maior dependência de renda de outras pessoas.
"Essa condição desfavorável também afeta seus dependentes, tornando-os suscetíveis a menor frequência escolar, menores anos de estudo e participação precoce no mercado de trabalho ou, ainda, ao trabalho infantil."
"Uma sociedade em busca de maior nível de desenvolvimento humano precisa reconhecer e valorizar os papéis cumpridos pelas mulheres negras, seja por sua importância na sociedade, como um grupo de destaque, seja como força de trabalho ou mesmo por representarem esteio essencial a milhões de crianças e outros dependentes, dentro dos seus domicílios e fora deles, entre outras inúmeras razões", diz o documento.