Mutilação genital feminina afeta 200 milhões de mulheres: veja 16 fatos sobre a cruel prática
Ritual milenar, violento e doloroso ainda é praticado em muitos países, principalmente na África
A mutilação genital feminina (FGM, na sigla em inglês), um ritual violento e doloroso, ainda existe e atinge cerca de 200 milhões de mulheres, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). O dia 6 de fevereiro marca o Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, data instituída pela ONU com o objetivo de sensibilizar a sociedade e erradicar a prática, que viola os direitos da mulher.
Conheça 16 fatos sobre o assunto:
1 - Também conhecida como circuncisão feminina, a mutilação genital feminina é um ritual milenar em muitas religiões e culturas, sustentado pelo desejo de controlar a sexualidade feminina e perpetrar a diferença entre os gêneros.
2 - A FMG se caracteriza pela remoção total ou parcial do clitóris e lábios, geralmente com uma lâmina e sem anestesia. A OMS descreve o ato como “um procedimento que fere os órgãos genitais femininos sem justificativa médica”.
3 - As mulheres podem ter sequelas graves na saúde sexual e reprodutiva decorrentes de infecções crônicas, além de levar à ausência do prazer sexual e problemas no âmbito da saúde mental.
4 - Hoje, cerca de 200 milhões de mulheres no mundo foram submetidas a algum tipo de FMG.
5 - Em 2012, a Assembleia Geral das Nações Unidas, por meio da Resolução 67/146, intensificou os esforços globais para acabar com as mutilações genitais femininas e estabeleceu a data de 6 de fevereiro como o Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina.
6 - Lançada em 2015, a Agenda 2030, um programa das Nações Unidas que visa reduzir as desigualdades sociais e a pobreza, inclui na Meta 5.3 os esforços para alcançar a igualdade de gênero e empoderar mulheres e meninas, combatendo todas as práticas nocivas, como as mutilações genitais femininas.
7 - A ativista somali Waris Dirie é um rosto significativo na luta contra a FMG. Ela foi mutilada aos 5 anos e aos 13 saiu de casa para fugir de um casamento arranjado. Em Londres, um fotógrafo a descobriu e ela se tornou modelo internacional. Sua história é contada no livro “Flor do Deserto”, que também virou filme.
8 - A mutilação genital feminina vem sendo realizada em meninas cada vez mais jovens. Por exemplo, no Quênia, a idade média para a prática caiu de 12 para 9 anos nas últimas três décadas.
9 - De acordo com a Unicef, uma tendência está em curso: uma em cada quatro meninas e mulheres que sofreram FMG foi submetida à prática por um profissional de saúde, o que indica um alarmante crescimento na medicalização da prática.
10 - Hoje, uma menina tem cerca de um terço a menos de probabilidade de ser submetida à FMG do que há 30 anos. Porém, o ritmo desse processo precisa ser dez vezes maior para atingir a meta global de zero incidências até 2030.
11 - Segundo as Nações Unidas, embora a mutilação genital feminina seja realizada principalmente em cerca de 30 países na África e no Oriente Médio, além de grupos na Ásia, também é vista na Europa Ocidental, América do Norte, Austrália e Nova Zelândia devido à migração.
12 - A mutilação genital feminina ainda é preponderante em alguns países. Por exemplo, em Djibouti, Guiné, Mali e Somália 90% das meninas são afetadas.
13 - A mutilação genital feminina é ilegal em vários países africanos onde a prática é endêmica. Por exemplo, no Sudão, onde nove em cada em 10 mulheres eram mutiladas. O ato se tornou ilegal em 2020. Porém, a fiscalização é fraca.
14 - Países que ainda não instituíram lei contra a FMG incluem Chade, Libéria, Mali, Serra Leoa e Somália.
15 - Mesmo sem proteção da lei, as meninas e mulheres que foram mutiladas ou correm esse risco não desejam que isso aconteça, variando de 83% a 93% em países como Gana, Brurkina, Nigéria, Faso, Iraque e Quênia, segundo relatório da Unicef.
16 - No entanto, por questões culturais enraizadas nestas sociedades que praticam a mutilação genital feminina, as mulheres se sentem pressionadas a se submeterem à prática por medo de serem excluídas e até não se casarem por serem consideradas impuras.