'Não conte com o governo para mudar legislação de aborto', avisa Padilha
Ministro da articulação política da gestão petista, Alexandre Padilha sustenta que governo Lula não vai apoiar projeto de evangélicos que quer criminalizar aborto a partir de 22 semanas de gestação
BRASÍLIA - O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não apoiará qualquer mudança na legislação atual em relação à temática do aborto, "principalmente" o projeto de lei que equipara o aborto realizado após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio.
Questionado se haverá um esforço do governo para barrar a votação do projeto, Padilha disse que "não só do conjunto do governo, como dos vários líderes". Ele ponderou que a aprovação da urgência do projeto que equipara aborto realizado após 22 semanas a homicídio não significa que será votado o mérito.
"O governo é contrário a fazer qualquer mudança na legislação atual sobre esse tema, ainda mais um projeto que estabelece que meninas e mulheres estupradas vão ter uma pena que é o dobro do estuprador", afirmou, em entrevista ao Papo com Editor, programa semanal do Broadcast Político. "Então, não conte com o governo em relação a isso."
Padilha afirmou que, apesar de a pauta prioritária do governo ser a econômica, outros temas aparecem no Congresso Nacional que não necessariamente são culpa da articulação política do governo ou de ministros. "Tem a ver com a realidade do Congresso", disse, citando o aborto.
O ministro destacou a composição do Parlamento sobre alguns temas que, em sua visão, são fruto do que era o pensamento da sociedade brasileira do sistema político no dia da eleição. Padilha afirmou que o governo está ganhando as principais batalhas, mas que "é muito raro um time ser campeão num campeonato de pontos corridos vencendo todas".
"Ninguém quer perder nunca. Mas você vai ter derrotas ao longo do campeonato, mas o que você não pode perder é o mata-mata. Você não pode perder a decisão. E esse governo tem vencido o mata-mata construindo um compartilhamento com congresso uma sociedade sobre o tema centrais", comentou.