"Não quero ser conhecida como a jornalista que apanhou", diz Silvye Alves
Apresentadora da Record TV foi agredida em junho de 2021; julgamento está marcado para 20 de abril
Silvye Alves, apresentadora do ‘Cidade Alerta-GO’, acumula um combo de sentimentos em relação ao julgamento de Ricardo Hilgenstieler, ex-namorado que lhe agrediu em junho de 2021. A audiência está marcada para 20 de abril e a possibilidade de ter de encarar o agressor, por mais que remota, é algo que desperta ansiedade na comunicadora.
“É uma condição tão estranha. Você é vítima, mas também tem medo”, revela, em entrevista exclusiva ao Terra.
Faltando pouco para completar um ano da agressão, por mais que tenha personalidade alto astral, Silvye confessa que às vezes não é fácil lidar com as sombras do episódio. Comandante de um programa policial, ela noticia diariamente casos como o seu - ou até piores - e segue morando no apartamento onde a violência aconteceu, o que dificulta o esquecimento.
Em contrapartida, é no tratamento psicológico e na vontade de seguir que ela diz encontrar forças para superar esses desafios.
"Não quero ficar conhecida como a jornalista que apanhou. Sou mais que isso", afirma.
R$ 20 mil em cirurgias
Quando o caso veio à tona, começaram a circular na internet imagens de Silvye ferida. Segundo ela, foram gastos R$ 20 mil só para tentar reparar os danos causados ao seu rosto. Uma das sequelas que acompanha a apresentadora da Record TV até hoje é o rompimento de um nervo, que prejudicou a salivação da parte superior da boca.
Atualmente, Silvye precisa aplicar várias vezes ao dia uma solução artificial para não interromper suas atividades profissionais.
"Passo o programa inteiro pingando isso [remédio] na boca. O físico a gente até supera, mas o psicológico é fod#”, aponta.
Na visão da jornalista, as leis contra violência doméstica são ótimas, mas dão margem para impunidade. Poucos dias após ser detido, o ex-namorado de Silvye, por exemplo, foi solto ao pagar fiança de R$ 11 mil. Para a apresentadora, isso jamais deveria acontecer, pois, além de colocar a vítima em risco, desmoraliza quem sofreu a agressão.
Apesar da ansiedade, a sede pela condenação do agressor é maior. Ela, inclusive, brinca que pretende "beber para comemorar" se a decisão for favorável a seu caso.
Embora esteja prevista uma quantia indenizatória, de valor ainda a ser definido pela Justiça, Silvye diz que não está preocupada com dinheiro.
"Eu sinto que quando a gente mexe com dinheiro, a gente provoca o ser humano e o que eu mais quero e apagar essa página da minha vida. Quero que ele pague mesmo na área criminal. Ele pode até não ficar preso, mas vai carregar essa condenação pelo resto da vida", delibera.
Futuro de Silvye Alves
Consolidada na Record de Goiás, ela é grata pelas oportunidades e apoio que recebeu até hoje e não se vê dando rasantes distantes - pelo menos não agora. Guerreira e de jeito humorado, como se autodefine, ela alimenta duas ideias, mas que ainda estão em estágio embrionário: um canal no Youtube, possivelmente um podcast para conversar de modo informal, e uma ONG para ajudar mulheres vítimas de violência.
"Neste momento eu não tenho recurso para isso, mas assim que possível, eu farei", assegura.