“Não sou viado”: não podemos normalizar gíria homofóbica e intenção agressiva
Passada de pano nas redes sociais à declaração de Davi no ‘BBB24’ ressalta a relativização da violência
“Todo baiano é preguiçoso”. Essa frase se tornou comum em conversas informais, shows de stand up e programas de humor na TV.
Por trás do deboche há xenofobia. Inaceitável reduzir um povo a uma característica depreciativa. Preconceito puro praticado por quem se considera ‘superior’.
A mesma lógica se aplica à declaração gritada pelo baiano Davi no ‘BBB24’: "Eu sou homem, seu puta. Sou viado, é?"
Para se autoafirmar como macho, ele recorreu à inferiorização dos gays.
“Ah, foi apenas uma expressão, um jeito de falar, um erro cometido no calor da emoção”, argumentam as redes sociais em defesa do competidor.
Nota-se dois pesos e duas medidas. Como o alvo de Davi era um participante detestado, o machista Nizam, aceita-se a ofensa contra os homossexuais como se fosse uma atitude sem gravidade.
Classificar o gay como fraco e covarde na comparação com o hétero ressalta a homofobia que leva inúmeros machões preconceituosos a xingar, espancar e até matar nas ruas do Brasil.
Alertado a respeito de seu deslize verbal por um homossexual declarado, Michel, Davi se retratou. “É que eu estava estressado”, disse. A desculpa de sempre.
Comportamento agressivo não pode ser relativizado, e sim combatido. Quando crônico, precisa ser tratado no consultório de um psiquiatra ou no divã de um analista.
Na sequência de um equívoco, veio outro. Rodriguinho avisou que bateria em Davi caso fosse alvo de sua fúria. O ‘BBB24’ oferece entretenimento tóxico que não faz bem à saúde mental de ninguém.