Número de candidaturas lésbicas cresceu oito vezes, aponta ONG
Em 2020, a Vote LGBT+ mapeou seis candidaturas de mulheres lésbicas. Para este ano, já foram identificadas 49 candidatas
Pelo menos 49 mulheres lésbicas são candidatas nas eleições de 2022, segundo monitoramento feito pela ONG Vote LGBT+. O número representa 22,9% do total de candidaturas LGBT+ registradas pela iniciativa. No Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, o percentual representa uma boa notícia, um crescimento de 12% em relação ao total de candidaturas deste perfil mapeadas em 2020. No Brasil, mulheres como a vereadora Marielle Franco e a deputada Leci Brandão, foram importantes figuras políticas que representaram mulheres lésbicas em cargos eletivos e inspiraram novas candidaturas. Ainda de acordo com o levantamento, os partidos de esquerda são os que mais promovem a candidatura de pessoas LGBT.
“A política brasileira sempre foi ocupada por homens brancos, cis, héteros, não jovens, ricos e conservadores. Foi apenas após a redemocratização (1984) que começamos a ter mudanças mais visíveis no cenário, ingressando aos poucos mulheres, pessoas negras, indígenas, a classe trabalhadora e também LGBT+”, destaca a organização no relatório “A Política LGBT+ Brasileira - entre potências e pagamentos”.
O Rio de Janeiro discute a inclusão do Dia Municipal da Visibilidade Lésbica no calendário oficial da cidade. O projeto foi reapresentado em fevereiro pela vereadora Mônica Benício, viúva da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, crime brutal e ainda sem solução. O texto já havia sido apresentado por Marielle em 2017, mas foi derrotado por dois votos à época.
“Ainda em pleno século XXI, há quem se ache no direito de não reconhecer a existência e a dignidade de mulheres lésbicas. Da falta de dados oficiais do Estado sobre essa população, à não consideração de mulheres que amam mulheres nas políticas públicas, a invisibilidade das mulheres lésbicas é a regra. É urgente o reconhecimento para a produção e promoção de políticas públicas que atendam essa população”, destaca a vereadora na justificativa do projeto.
Ainda no projeto de lei, a vereadora destaca a falta de dados adequados, o que provoca a invisibilidade das mulheres lésbicas e a falta de políticas públicas adequadas de proteção. Segundo o dossiê sobre Lesbocídio no Brasil, elaborado pelo Grupo de Pesquisa Lesbocídio – As histórias que ninguém conta, aponta que 126 mulheres foram mortas de 2014 a 2017, por serem lésbicas. No ano de 2017, 37% das mortes ocorreram na região sudeste. A forma que tal violência é manifestada é vil, vez que 55% das mortes, em 2017, foram executadas a partir de tiros de arma de fogo, seguidas de 23% por facadas.
“O legado de Marielle Franco está e estará sempre presente. Aprovando, este PL, esta casa tem a oportunidade de reparar esta história, reconhecer a importância das mulheres lésbicas na sociedade, contribuir para o fim das diversas violências contra mulheres lésbicas; e de se juntar ao mundo na afirmação daqueles que clamam por justiça no grito: Marielle, presente!”, destaca.
Dia da Visibilidade Lésbica
O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica é uma data estabelecida no Brasil criada por ativistas lésbicas brasileiras e dedicada à data em que aconteceu o 1º Seminário Nacional de Lésbicas - Senale, ocorrido em 29 de agosto de 1996.