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"Nunca falei que a santa era LGBT", diz Julio Lancellotti

Padre tem enfrentado ataques nas redes sociais após a repercussão de trailer do curta-metragem "São Marino", que tem narração do religioso

22 set 2022 - 11h26
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"Eu tenho sentido nesses dias o que sentiu santa Marina: ser acusado sem poder se defender", afirma religioso
"Eu tenho sentido nesses dias o que sentiu santa Marina: ser acusado sem poder se defender", afirma religioso
Foto: Wikimedia Commons / Wikimedia Commons

Em entrevista recente à coluna de Monica Bergamo na "Folha de S.Paulo", o padre Julio Lancelloti se defendeu dos ataques que vem recebendo após sua participação como narrador no curta-metragem "São Marino" ter sido divulgada. "O que fica sendo veiculado é que 'padre narra história de santa trans'. No tempo dela não existia essa nomenclatura e é difícil aplicá-la hoje. Existe um fato concreto, que é relido por determinados grupos", afirmou o religioso.

Com direção de Leide Jacob, o filme conta a história de Santa Marina como uma figura LGBTQIA+ e traz depoimentos de homens trans como forma de discutir os papéis de gênero e trazer visibilidade para essa população. Desde que o trailer passou a ser veiculado no YouTube e divulgado na mídia, o pároco tem sido alvo de diversos ataques e críticas e tem se defendido afirmando que sua narração não alterou a história oficialmente aceita pela Igreja Católica.

Na semana passada, a Arquidiocese de São Paulo emitiu um comunicado afirmando que "tal narrativa não condiz com a realidade sobre a vida de Santa Marina, venerada pelos católicos". Sobre o fato de a pesquisa histórica feita para embasar a narrativa do curta-metragem ter como fonte as informações do site da própria Arquidiocese, a instituição afirma que o texto "citado como uma das fontes para o referido documentário, consiste na reprodução de relatos publicamente conhecidos da devoção popular. Seu conteúdo não fundamenta qualquer abordagem diferente daquela reconhecida pela Igreja Católica."

Marino é um santo transmasculino que nasceu no Líbano e que teria vivido no século VI. Ele foi canonizado pela Igreja Católica como santa, após a sua morte. Nascido Marina, o santo viveu em um mosteiro e suportou calado humilhações decorrentes da acusação de ter engravidado uma moça. Só depois de sua morte os monges descobriram que era, na verdade, uma mulher.

"Quanto mais católicos se dizem, quanto mais religiosos se dizem, mais cruéis são nas críticas. São críticas e ameaças violentas. Fazem afirmações para desqualificar, destruir o ser humano. Eu tenho sentido nesses dias o que sentiu santa Marina: ser acusado sem poder se defender", desabafou o padre Julio Lancellotti sobre o cancelamento que vem passando.

Fonte: Redação Nós
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