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"Nunca fui basiquinha, sempre gostei de brilhos e batom vermelho", diz Alcione aos 75 anos

Musa de camarote do carnaval carioca, Alcione fala sobre maturidade, legado, feminismo e planos para o futuro: “o ano está só começando”

15 fev 2023 - 05h00
(atualizado em 16/2/2023 às 18h25)
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"Ver as novas gerações seguindo meus passos me traz uma felicidade imensa", diz cantora
"Ver as novas gerações seguindo meus passos me traz uma felicidade imensa", diz cantora
Foto: Vinicius Mochizuki / Vinicius Mochizuki

2023 será um ano de festa para Alcione: aos 75 anos de idade, a cantora está comemorando o 50º aniversário de carreira e se prepara para percorrer o Brasil com o show Alcione 50 Anos. 

Em junho passado, a Marrom precisou gravar o DVD de estreia da turnê sentada, por causa de um pinçamento no nervo ciático. Dois meses depois, submeteu-se a uma cirurgia na coluna e a recuperação não poderia ser melhor: Alcione vai curtir o Carnaval no posto de musa do Camarote Nº 1, um dos espaços mais concorridos da Marquês de Sapucaí. Em entrevista exclusiva ao Terra NÓS, a cantora relembra momentos de sua trajetória pessoal e profissional e avisa: "o ano está só começando para mim!".

Com 50 anos de estrada, você tem uma carreira sólida na música brasileira. Mas, recentemente, sua imagem tem extrapolado o universo musical: você tem feito publis para a Nivea e foi capa da "Vogue Brasil". Até uma década atrás, mais ou menos, era impensável ver uma mulher negra e 50+, mesmo famosa, anunciando produtos de beleza e em capa de revista. O que mudou? O que ainda pode mudar?

Estamos conquistando espaços, mostrando que o Brasil é diverso, diferenciado... E o mundo começou a nos enxergar. Além disso, o próprio mercado está, finalmente, entendendo que existe um público-alvo imenso a ser considerado. Muita coisa está mudando, mas precisamos avançar ainda mais. Até porque somos a maioria da nação brasileira.

Participação recente na novela "Travessia": visita ilustre ao bar "Encanto da Vila"
Participação recente na novela "Travessia": visita ilustre ao bar "Encanto da Vila"
Foto: Reprodução / Reprodução

Em entrevistas você costuma falar como seu pai incentivou seu empoderamento, te ensinando a ser livre e a não depender de homem algum. Sua mãe também influenciou sua personalidade? De que forma?

Sim, tivemos (eu e minhas irmãs) esse incentivo. Ambos sempre procuraram nos mostrar o quanto seria importante construirmos nossas vidas de forma independente. Nossa mãe também foi uma mulher de muita personalidade. 

Você se considera feminista?

Se ter seguido os conselhos dos meus pais e construído minha vida de forma independente é ser feminista, então devo ser (risos).

Você está namorando? Como define a sexualidade na maturidade?

Atualmente não ando na pista pra negócio, não. Mas também não estou morta... Acho que o sexo na maturidade é muito prazeroso e não fica devendo em nada.

Aos 75 anos, você acha que envelhecer pode ser mais difícil para a mulher do que para o homem? 

Sim, infelizmente. A mulher sempre foi mais cobrada pela sua aparência do que o homem. Eles ainda contam com a complacência da sociedade, mas estamos derrubando alguns mitos e paradigmas com orgulho e dignidade.

Você é do tipo que se monta para ir à esquina? É um prazer para você cultivar a vaidade?

Sempre fui muito vaidosa, sim, acho que precisamos nos cuidar, valorizar. Minha mãe sempre dizia: "quem não se ajeita, a si mesmo enjeita". Eu nunca fui basiquinha... Sempre gostei de brilhos, roupas vistosas, batom vermelho.

Em desfile da Mangueira em 1984: escola campeã no ano da inauguração do Sambódromo
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Foto: Reprodução/Instagram / Reprodução/Instagram

Qual música de seu repertório você sente mais prazer em cantar? E qual canção é uma espécie de "biografia" sua?

Felizmente tenho inúmeros hits de carreira, músicas que caíram no gosto popular e que o público sempre me cobra durante os shows. Mas acho que a música "Não deixe o samba morrer" virou uma espécie de hino para os sambistas e não pode ficar fora de nenhum repertório dos meus shows.

Como você define a sua espiritualidade? Costuma fazer algum ritual, como rezar todos os dias?

Sou espírita, mas dedico-me à espiritualidade sem preconceitos. Tenho fé nos orixás e santos, como uma boa brasileira que sou. E, sim, rezo com uma certa constância, principalmente porque tenho mais a agradecer do que pedir. 

Você transmite tanta força que é praticamente impossível imaginá-la em um momento de vulnerabilidade. O que a faz se sentir vulnerável e como lida com isso?

Quem não tem seus momentos vulneráveis e de fragilidade? Não sou exceção, mas procuro lidar com isso da melhor maneira possível e, às vezes, com a ajuda de pessoas nas quais confio e admiro. 

Joias e unhas estilizadas com as cores da Mangueira: Alcione não abre mão do brilho
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Foto: Reprodução/Instagram / Reprodução/Instagram

O que acha de ser uma referência para intérpretes da nova geração?

Sinto muita alegria! Ver as novas gerações seguindo meus passos, me aplaudindo... Isso me traz uma felicidade imensa. Afinal, qual artista não se sentiria recompensado? E são muitos os jovens talentosos que andam surgindo. 

O que pretende realizar ainda este ano?

Nossa, tanta coisa. O ano só está começando.

Musa do Carnaval, homenagem do Prêmio da Música Brasileira, estrela de musical, tema de Medalha de Mérito. Como se sente sendo tão celebrada?

Extremamente feliz!!! Nem dá para dimensionar a felicidade com tantas homenagens e presentes. É natural um artista procurar reconhecimento, aplauso. Mas esses afetos têm extrapolado todos os limites. Só tenho a agradecer.

Por último, o que diria para os fãs que acompanham sua trajetória há tanto tempo?

Obrigada por caminharem ao meu lado por tanto tempo. Sem os fãs, jamais chegaria onde estou. Eles são fundamentais para o sucesso de qualquer artista.

Na capa da Vogue Brasil: pessoas negras ocupando cada vez mais espaços
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Foto: Reprodução / Reprodução
Fonte: Redação Nós
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