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O que as religiões dizem sobre o aborto

Dogmas estão presentes no debate sobre direito das mulheres e são usados principalmente para defender restrições à interrupção da gravidez

28 abr 2023 - 05h00
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Especialistas e estudiosos reforçam a importância de tratar a prática do aborto como tema de saúde pública e não um assunto religioso
Especialistas e estudiosos reforçam a importância de tratar a prática do aborto como tema de saúde pública e não um assunto religioso
Foto: iStock

O debate sobre aborto atravessa gerações e tem a religião como um dos principais pilares da discussão. Os dogmas são utilizados, principalmente, por quem defende leis que restringem o direito à interrupção da gravidez. 

No entanto, especialistas e estudiosos no tema reforçam a importância de tratar a prática como tema de saúde pública, evitando assim consequências para a vida das pessoas que estão gerando uma vida e também para a criança que pode nascer.

Confira o que as doutrinas das principais religiões dizem sobre o tema:

Budismo

O budismo não tem uma regra oficial e universal sobre o aborto. No Japão, por exemplo, o budismo é uma religião que não é contra o aborto, mas prega que essa decisão deve ser tomada com muita consciência.

Dentre as várias ramificações da religião pelo mundo há um consenso sobre a liberdade feminina com relação ao aborto, via de regra.

Espiritismo

O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, traz dois questionamentos específicos sobre o tema e que foram usados na cartilha “Aborto, Não!”, da Federação Espírita Brasileira. São:

Questão 358: Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação?

“Há crime sempre que transgridem a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando”.

Questão 359: Dado o caso que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe dela, haverá crime em sacrificar-se a primeira para salvar a segunda?

“Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe”.

Islã

A religião islã vê o aborto como algo “errado” e proibido, com exceção de casos onde a vida da mãe corre perigo ou em outros casos excepcionais até 120 dias de gestação — período em que a vida tem início segundo os preceitos islâmicos. Depois desse período, no entanto, o aborto é considerado totalmente em qualquer circunstância.

O alcorão, livro sagrado do Islã, não faz referência explícita ao ato de abortar.

Cristianismo

A Bíblia também não traz menção explícita ao aborto, mas o entendimento de boa parte das vertentes é que o aborto é uma prática a ser proibida. 

No caso da Igreja Apostólica Romana, o crime é considerado pecado em todas as formas. Em declarações recentes, o papa Francisco se referiu à prática como um “homicídio”.

No Brasil, igrejas evangélicas, como a Assembleia de Deus, que tem a maior representatividade no país, também são contra a prática, inclusive debatendo a política pública no Legislativo e Executivo.

Religiões de matrizes africanas

As religiões de matrizes africanas envolvem uma gama de diversidade e preceitos variados. Por conta da descentralização e da independência dos terreiros, não há uma regra estabelecida sobre o aborto.

No Brasil, as mais tradicionais são o candomblé e a umbanda. Nas duas denominações, a prática é vista como uma medida extrema e que tem relação com a saúde pública.

Fonte: Redação Nós
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