O que mães e pais brancos podem fazer para apoiar seus filhos negros?
Em uma sociedade estruturalmente racista, a maternidade e a paternidade inter-raciais trazem desafios; entenda
Maternidade e paternidade inter-raciais envolvem questões de raça, herança cultural e identidade, sendo necessário buscar estratégias para lidar com a discriminação e fortalecer a autoestima dos filhos negros.
A maternidade e a paternidade inter-raciais são experiências que atravessam questões de raça, herança cultural e identidade, tanto em sua própria relação quanto na criação de seus filhos.
Filhos negros podem sofrer discriminação racial e bullying. E os pais, brancos, devem estar preparados para conversar com seus filhos sobre mecanismos de enfrentamento, fortalecimento da autoestima e acolhimento. Abaixo, confira algumas atitudes fundamentais:
Priorizar histórias com protagonistas negros
A dançarina Lore Improta é mãe da pequena Liz, uma criança negra fruto do relacionamento com o cantor Léo Santana, e aponta a imporância de mostrar aos filhos histórias com protagonismo negro. Trazer narrativas que não carreguem apenas dor e sofrimento, mas possibilidades múltiplas é essencial.
“A Liz adora o momento da leitura, então priorizo histórias com personagens pretos, bonecas que ela olhe e se sinta representada, filmes com protagonistas negros”, disse Lore, em entrevista à revista Quem, sobre como leva representatividade para dentro de casa.
Valorizar a cultura ancestral dos filhos
Além disso, é essencial a aproximação à cultura ancestral. Levar as referências de manifestações culturais do povo negro brasileiro aos filhos, como o afoxé, a capoeira, o samba de roda, entre outras.
Conscientização sobre as relações raciais
Para ser mães e pais antirracistas, o letramento racial é um passo necessário, até porque muitos pais brancos só se deparam com o racismo quando seus filhos negros chegam. Por isso, a consciência sobre as relações raciais presentes na sociedade impulsiona a reconhecer e questionar estereótipos, preconceitos, discriminações e injustiças raciais.
“O episódio em que Liz sofreu racismo na internet foi o ponto de partida para iniciar as aulas de letramento racial. Desde quando estava grávida, eu sabia que muitos dos desafios que ela já enfrentou e ainda enfrentará eram desconhecidos para mim. E a forma de mudar isso, de poder proteger a minha filha, era estudando”, destacou Lore.
Rede formada por pessoas negras
Ter amigos negros e negras (se não houver familiares), pessoas pelas quais seus filhos possam se sentir inspirados.
“Me cerco de mulheres pretas e me coloco em um lugar de escuta e aprendizado para poder levar conhecimento aos meus filhos, mas, principalmente, para a minha filha, que hoje tem referências de mulheres pretas maravilhosas”, disse a atriz e modelo Giovanna Ewbank, ao UOL, sobre a filha Chissomo (Títi), de 10 anos.
Reforçar a autoestima
Elogiar, cuidar dos cabelos e da pele, é fundamental para reforçar a autoestima dos filhos negros.
“Eu, enquanto mulher branca, podia ter ficado no meu lugar de conforto. Antes, eu ficava. Apressava as meninas para arrumarem o cabelo logo, não procurava os produtos certos, entre outras coisas. Mas decidi sair da bolha branca hegemônica”, afirmou a atriz Samara Felippo, mãe de duas meninas negras, ao UOL.