“O seu filho tem mongolismo e isso não tem cura"
Eduardo, hoje com 31 anos, casado e graduado em Educação Física, contrariou por completo a previsão do pediatra que o trouxe ao mundo
Neuza da Cruz Leite só descobriu que seu filho tinha síndrome de Down ao dar à luz, em 14 de janeiro de 1991, em Porto Alegre. A notícia foi dada pelo próprio pediatra que acompanhou a gestação, da pior maneira possível: “o seu filho tem mongolismo e isso não tem cura. O que você pode fazer por ele é dar alimentação, amor e ficar com a certeza de que nunca soltará da bainha da sua saia”.
A atitude do profissional foi o pontapé inicial para que ela buscasse caminhos para viabilizar uma vida de autonomia e independência para o filho, Eduardo Leite Bedin, hoje com 31 anos.
Filho de funcionários públicos, Eduardo teve o privilégio de receber estimulação precoce, fazer acompanhamento de fonoaudiologia e psicopedagogia desde a primeira infância. Apesar disso, Neuza enfrentou as dificuldades da inclusão escolar e esbarrou com todos os tipos de preconceitos, que ainda não levavam o nome de capacitismo.
Contrariando a previsão do médico, Dudu viveu a sua vida e não a da mãe. Fez graduação em educação física, é um profissional registrado no CREF 2 (Conselho Regional de Educação Física do RS), e atua como auxiliar voluntário em projetos esportivos de judô.
Em 2019, se casou com a musicista Florença Sanfelice - também uma pessoa com síndrome de Down – que, além do canto, toca violino e violão. Para a lua de mel, escolheram conhecer o Rio de Janeiro.
O casal vive em seu próprio apartamento, tocando as atividades da vida diária no seu ritmo e com supervisão. Fugindo de qualquer estereótipo, Dudu e Florença são pessoas e não deficiências. Ambos possuem características e demandas diferentes, mas são donos de uma vida ativa.
Dudu sonha com um trabalho efetivo na sua área de formação.
"Falta de incentivo e oportunidade, mas não há nada que a síndrome de Down me impeça de fazer".
21 de Março
Nesta segunda (23), é comemorado o Dia Internacional da síndrome de Down e, pela primeira vez, o Brasil incluiu a celebração no calendário nacional. A lei 14.306 que instituiu a data nacional foi sancionada no último dia 03 de março de 2022.
O Dia Internacional da síndrome de Down foi proposto pela Down Syndrome International como o dia 21 de março, porque esta data se escreve como 21/3, o que faz alusão à trissomia do 21. A data serve para dar visibilidade à causa e celebrar a vida das pessoas com síndrome de Down.