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"As Marvels" é tão bom que vai fazer muito machista se render e comprar o ingresso

Filme todo protagonizado por mulheres é divertido e merece ir bem nas bilheterias

10 nov 2023 - 09h56
(atualizado em 13/11/2023 às 09h31)
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Para quem não está entendendo nada, quero falar de "As Marvels", novo filme que antes mesmo de ser lançado sofreu muitas críticas com base em nada, simplesmente por ser um longa em que mulheres têm papéis fundamentais de destaque. Só para vocês terem ideia do absurdo, no site de avaliação Rotten Tomatoes o filme estava com uma péssima avaliação antes mesmo do público assistir ao longa.

A tentativa de boicote acompanha falas que já são muito conhecidas como “quem lacra não lucra”, mas também várias críticas vazias que se esforçam para ver defeitos e usam jargões técnicos para esconder a verdade que é: 'nerdolas' brancos não gostam de ver mulheres tendo destaque no seu produto midiático favorito. Outra coisa que deixou os racistas bem chateados é que apenas uma das quatro protagonistas é branca. São duas mulheres negras e uma paquistanesa.

Com uma química de milhões, as três protagonistas, Brie Larson (Capitã Marvel), Iman Vellani (Miss Marvel) e Teyonah Parris (Capitã Rambeau), dão um show de carisma e sinergia. Por alguns momentos dá até para esquecer que é um filme de heroínas e pensar que são três amigas com personalidades bem diferentes aprendendo a conviver em harmonia. E o filme faz com que essa interação seja bem dinâmica e usando elementos surpreendentes para formar uma equipe de verdade. 

A antagonista, que também é uma mulher, é Zawe Asthon (Dar-Benn), que não tem muito carisma, deixa um pouco a desejar também na atuação, mas é “sabotada” pelo roteiro já que a motivação dela é um pouco infantil e seu desenvolvimento é raso. Contudo, nem tudo é terra arrasada por aqui. O roteiro a usa para nos colocar refletindo sobre o ponto de vista, além de mostrar como uma influência externa, ainda que bem intencionada, pode causar grandes mazelas, principalmente quando quem interfere não entende o contexto no qual o outro está inserido. Me lembrou inclusive alguns problemas geopolíticos que estamos passando nos últimos tempos.

Eu adorei o filme, de verdade. O humor é impecável, eles acertam muito nisso. Talvez, junto com a personagem Kamala Khan (Miss Marvel) e sua família, seja o ponto mais bacana de "As Marvels". Gosto muito da Capitã Rambeau, pois ela é um tipo de representatividade que ainda é escassa nos meios de massa, uma mulher negra cientista, astronauta, superinteligente e que nos ajuda compreender elementos da física durante o filme. A ação do filme é muito bacana, a interação delas e a utilização dos seus poderes de forma criativa também merece destaque. Nick Fury também tem uma participação, mas nada que mereça grande destaque.

Vale a pena ir ao cinema, a diversão é garantida e você não precisa ter assistido nenhuma série do Disney Plus para entender quem são as personagens. Filmes têm pontos altos e baixos, mas não há outra explicação, se não o machismo para o tamanho do 'hate' que "As Marvels" tem recebido. Tem filmes da Marvel MUITO piores que não receberam metade dos insultos, assim como tem filmes do mesmo nível deste que os mesmos haters amam simplesmente por ter seu personagem masculino de sunga por cima da calça.

Sei que filme com representatividade não traz mudanças contundentes para sociedade, sei também que, bem ou mal, estou dando mídia para um conglomerado gigantesco bilionário e sei que tem coisas mais efetivas para serem feitas. Mas eu acredito também que é interessante disputar as narrativas em todas as esferas, afinal tem muita criança e adolescentes sendo absorvidos pela cultura incel e redpill através de produtos das indústrias culturais como esse.

Fonte: Redação Nós
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