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Atletas negros: enaltecidos nas Olimpíadas, esquecidos no dia a dia

Os brasileiros nunca se orgulharam tanto de pessoas negras, pena ter durado apenas 15 dias

12 ago 2024 - 13h54
(atualizado às 13h54)
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Beatriz Souza, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris
Beatriz Souza, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris
Foto: Reprodução/Instagram @_beatrizsouzaar

A Olimpíada faz acender no brasileiro vários sentimentos que permanecem apenas durante os dias que duram os jogos. Se tiver medalha envolvida em algum esporte que a gente não esperava vir então, aí que a alegria toma conta. Contudo, esporte e atletas não são formados durante o tempo de duração dos Jogos Olímpicos, muito pelo contrário, os 15 dias olímpicos são resultado de uma vida de preparação.

Não tem como pensar e falar sobre performar no mais alto nível sem refletir nas condições básicas que as populações de todo o mundo têm para conseguir desenvolver seus atletas. É insano pensar que países como EUA competem com países como a Botsuana, por exemplo. Outro nível de investimento, de condições para os atletas, entre outras diversas coisas importantes para formação dos competidores.

Quando penso no Brasil, logo me vem a ideia de como deixamos ganhos na mesa durante todos esses anos, pelo simples fato de pessoas negras não terem os acessos que a branquitude brasileira geralmente goza. Para exemplificar o que estou falando segundo o SiS (Síntese de Indicadores Sociais), em 2018, 54% dos lares de pessoas negras tinham acesso a abastecimento de água, enquanto nos lares de pessoas brancas o número era 71%. Existem outros dados nessa pesquisa como o que aponta que 37% da população negra vive em regiões sem rede de esgoto. Eu gosto de trazer o exemplo do acesso a água e de rede de esgoto porque esses são direitos básicos, que todo indivíduo deveria ter, mas não é assim que acontece.

Não estou dizendo que todos os atletas negros e negras brasileiros passam ou passaram por isso. O que estou elucidando é que o Brasil odeia pessoas negras, o racismo mitiga os acessos dessa população a direitos básicos, poucos se revoltam e se movem para mudar essa triste realidade, mas de quatro em quatro anos enaltecem esses atletas sem sequer se questionar de onde eles vieram e quantos como eles não conseguiram chegar lá por não terem acesso a condições dignas de moradia.

Triste diagnosticar que aquela pessoa com a medalha no pescoço só é vista pela população do seu país quando consegue, aos trancos e barrancos, se tornar referência nas Olimpíadas. Que existem milhões de pessoas com o mesmo fenótipo daquele atleta sofrendo com o racismo estrutural, sem que as pessoas, que tanto apreciam os Jogos Olímpicos, se indignem. Para além da formação de atletas, é urgente começarmos a refletir sobre as condições que vivem a população preta e pobre no Brasil. Medalha no peito é legal? Com certeza. Todavia, mais importante do que isso é garantir o acesso aos direitos básicos e isso com certeza irá refletir em várias esferas sociais, inclusive no quadro de medalha das Olimpíadas.

Fonte: Luã Andrade
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