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Como a indústria cinematográfica pode colaborar com as questões raciais

Maior prêmio do cinema mundial, tem histórico racista e polêmico

28 mar 2022 - 14h20
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Em 2016, pelo segundo ano consecutivo, atores indicados foram todos brancos
Em 2016, pelo segundo ano consecutivo, atores indicados foram todos brancos
Foto: Reuters

No último domingo, dia 27 de março, aconteceu a nonagésima quarta edição do Oscar, o maior prêmio cinematográfico da indústria dos Estados Unidos. A premiação, que tem um histórico racista como, por exemplo, em 1940 que Hattie McDaniel, primeira pessoa negra a ganhar uma estatueta, não pode sentar na mesa de seus colegas de elenco durante a entrega do prêmio, ou em 2015 em que não havia pessoas negras indicadas nas categorias de atuação e direção, coisa que não acontecia desde 2011, e ficou conhecido como Oscar So White (Oscars Tão Brancos, em inglês). Por esses exemplos citados, e por muitos outros, resolvi fazer uma listinha de como podemos levar o antirracismo para a sétima arte.

PARTICIPAÇÃO NEGRA EM VÁRIOS SETORES DA INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA

Importante entender que não só de atores se faz a sétima arte. O que passa na tela é uma somatória de várias etapas que culminam no que assistimos. É necessário enaltecer estúdios que valorizam profissionais negros de maneira geral, como roteiristas, diretores de fotografia, cineastas, continuísta, figurinista, dublès, produtores, etc. Uma produção com diversidade étnica é fundamental para que a representatividade seja plena.

CONSUMIR FILMES COM PRETOS EM ESPAÇO DE PODER

Produtos da indústria cultural tem um impacto gigantesco no imaginário da população. Fornece modelos do que é ser bom ou mau, lindo ou feio, preferido ou preterido. Por isso, ter pessoas negras em posições de galas, intelectuais, heróis, etc. é vital. Uma parcela grande da sociedade só tem a cultura da mídia como formador de opinião fora do seu convívio. Pode ser a primeira vez que uma criança negra veja um outro negro em local de destaque.

NÃO SE OPOR A PERSONAGENS QUE ERAM BRANCOS E AGORA SÃO NEGROS

Muitas produções da indústria do entretenimento foram criadas em um período onde negros eram escravizados ou que havia segregação racial. Quando uma personagem muda de etnia é porque no momento que foi criada pessoas negras não eram vistas como humanas, no caso da escravidão ou cidadãs, no caso da segregação racial. Então seu egoísmo e apego a um personagem fictício não é mais importante do que uma reparação histórica.

SABOTAR FILMES QUE NÃO RESPEITAM A ETNIA HISTÓRICA DOS PERSONAGENS

De Jesus e Moisés, personagens bíblicos, à Mariane Pearl e Maria Segovia, que são histórias recentes, sempre existiu brancos interpretando pessoas de outras etnias. As desculpas sempre envolvem dinheiro e visibilidade para o filme. Quando assistimos filmes baseados em histórias reais é imprescindível o respeito a etnia do personagem, não só pela história, mas também é uma forma de incluir outras estéticas dentro da indústria.

ASSISTIR PRODUÇÕES AFRICANAS

É muito importante descolonizar a telona. Através dos filmes de África podemos ampliar a compreensão dos contextos culturais, políticos, econômicos e históricos dos países africanos. Colabora também para entender sobre a identidade cultural do povo negro. Saber nossas raízes, de onde viemos, quem somos e como somos. Com as tradições africanas sendo consumidas e respeitadas, todo preto usufruirá desse status.

Fonte: Luã Andrade Luã Andrade é criador de conteúdo digital na página do Instagram @escurecendofatos. Formado em comunicação social e membro da APNB. Luã discute questões étnico raciais há dez anos e acredita que o racismo deva ser debatido em todas as esferas da sociedade.
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