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Denúncia de racismo na Zara deixa uma lição: não dê seu dinheiro ao opressor

Guilherme Quintino foi impedido de sair da loja e obrigado a mostrar peças que desistiu de comprar

26 jun 2023 - 13h42
(atualizado em 26/10/2023 às 17h24)
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Mais uma acusação de racismo envolvendo a loja de departamento Zara. O jogador de futebol Guilherme Quintino afirma que foi abordado pelo segurança da Zara ao deixar o estabelecimento com a namorada. Ele tinha escolhido algumas roupas para comprar, mas desistiu e deixou a sacola com as peças em um balcão. Ao sair da loja Guilherme, que estava acompanhado da namorada, foi abordado pelo segurança que teria coagido o cliente a voltar ao local e mostrar onde estavam as roupas que ele havia selecionado. O caso é investigado pela Polícia Civil. 

Jogador de futebol Guilherme Quintino, de 20 anos, acusa loja de racismo no Rio de Janeiro
Jogador de futebol Guilherme Quintino, de 20 anos, acusa loja de racismo no Rio de Janeiro
Foto: Reprodução/TV Globo

A loja tem tido um “bom” histórico nesse sentido. Eu ainda não me esqueci do caso da delegada negra que foi impedida de entrar na loja, no Ceará, por “questões de segurança” ou do senhor negro que passou por situação semelhante na filial do Shopping da Bahia. Vale ressaltar que a Polícia Civil, durante investigação no caso do Ceará, descobriu que os funcionários da empresa eram instruídos pelo autofalante a abordar clientes “suspeitos”. Essa conduta tinha até nome: Zara Zerou.

O ocorrido no Rio de Janeiro não é diferente do que já foi dito acima, contudo a reação de alguns clientes surpreende e ensina como lidar com racistas. Infelizmente, durante algum tempo, pessoas negras tinham um comportamento de querer provar que podem comprar e entregavam seu dinheiro ao seu opressor, principalmente quando percebiam que estavam sendo seguidos, ignorados por vendedores ou recebendo algum tipo de tratamento diferente. O diferencial desse caso é que dois clientes, uma negra e um branco, ao presenciarem o caso de racismo, fizeram questão de devolver os produtos que haviam comprado. Ainda emocionada com o que acabara de presenciar, Jacqueline fala que não irá levar nada de uma loja racista e que já passou por aquela situação.

A atitude dela me deu um quentinho no coração, porque, por vezes, na ânsia de ter que provar nossa inocência, acabamos fomentando o racismo através do nosso próprio dinheiro. Pensem comigo como não é lucrativo ser racista no Brasil: você vai lá, é vitimado, gasta seu dinheiro para provar sua inocência, recebe dois tapinhas nas costas junto a um pedido de desculpas, sai traumatizado, sem dinheiro, com um produto que talvez nem quisesse ter adquirido, enquanto o ambiente que te agrediu saiu sem nenhuma punição, com o seu suado dinheiro e ainda com a certeza que a conduta imposta, além de ser lucrativa, não gera danos ao estabelecimento.

Nossa sociedade é extremamente capitalista, e, como já sabemos, o capitalismo é um aliado fortíssimo do racismo. Se nós, que já somos a parcela da população mais empobrecida, que lutamos arduamente por cada centavo, darmos nossos dinheiro para nossos opressores, estaremos engraxando as engrenagens que moem pessoas negras diariamente.

Esse raciocínio não serve apenas para esses tipos de situação. Não há glamour nem vitória quando somos o único negro do ambiente, assim como não existe preto no topo, nem favela venceu, enquanto forem os pretos e periféricos que estiverem morrendo diariamente dentro, e fora, da favela. Precisamos abolir, com urgência, esse discurso individualista neoliberal que a ascensão de um é a liberdade de um povo. E com isso não estou dizendo que você não deva fazer seu corre, ter sua grana e galgar espaços mais privilegiados, não. O que estou querendo dizer é que nenhuma pessoa negra irá gozar com plenitude das suas conquistas enquanto sua cor for sinônimo de desumanização dentro de uma sociedade racista.

Fonte: Redação Nós
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