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É necessário identificar os golpistas para manutenção da democracia

Mesmo que não sejam punidos como deveriam, é preciso saber quem financia os terroristas que atentaram contra a democracia brasileira

9 jan 2023 - 10h44
(atualizado em 10/1/2023 às 11h02)
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Terroristas travestidos de patriotas invadiram o Palácio Planalto, o STF e o Congresso no último domingo, dia 8
Terroristas travestidos de patriotas invadiram o Palácio Planalto, o STF e o Congresso no último domingo, dia 8
Foto: Reuters

O último domingo (8) foi marcado pelo que já havia sido comentado há tempos: o capitólio brasileiro. Terroristas travestidos de patriotas invadiram o Palácio Planalto, o STF e o Congresso. Destruíram muitas coisas importantes, e quando estou falando importantes não me refiro às alegorias de um tempo onde negros e indígenas eram escravizados. Os criminosos começaram invadindo o prédio do Congresso Nacional, foram para cima de alguns poucos policiais que bloqueavam a área, subiram a rampa do Congresso e acessaram as cúpulas. Depois disso quebraram a vidraça do Salão Nobre e entraram no Palácio do Planalto e, por fim, invadiram também o Supremo Tribunal Federal.

Já foi reverberado muito isso nas últimas 24 horas, mas acredito que seja importante salientar aqui também que se fossem pessoas negras, periféricas, indígenas, professores ou qualquer trabalhador em busca de melhoria das condições de trabalho, os agentes do estado já tinham acabado com aquele ato antidemocrático há muito tempo. Se fossem todos esses grupos citados fazendo o mesmo em uma vitória do Bolsonaro, o que veríamos era sangue e mais sangue dessas pessoas espalhadas pela rampa do Planalto. Isso se já não houvesse um monitoramento pregresso da inteligência para tolher qualquer tipo de intenção ao manifesto.

Me parece meio errado querer colocar alguma culpa no governo federal, (digo isso pois já observei alguns veículos tentando construir essa narrativa). É importante lembrar que o novo governo se iniciou há pouquíssimo tempo e, ao invés de encontrar cordialidade na transição, o que foi visto foram atitudes infantis e covardes por parte do antigo (DES)governo. Cabe lembrar também que a polícia militar fica aos mandos do governo estadual. Governo esse que se reelegeu em 2022, logo, é importante ressaltar que não passou por transição alguma, então é possível imaginar que, diferente do governo federal, o governo de Ibaneis Rocha Barros Junior (MDB) está dando continuidade a um governo, ou seja, não está se estabelecendo agora. Esse, sim, tinha elementos para prever o terrorismo que ocorreu em Brasilia. Coincidência ou não, Ibaneis apoiou Bolsonaro durante as eleições e tinha na sua chapa Flávia Arruda que, à época, era do PL e foi ministro do antigo governo.

Eu realmente me preocupo com a forma que esses golpistas irão ser tratados após as cenas do domingo (8). Digo isso porque as informações que chegam possibilitam pensar muitas coisas. Policiais foram flagrados tirando selfie e sorrindo durante a invasão terrorista. Por um momento me pareceu até uma certa omissão diante do que estava acontecendo. E não é de hoje que vemos parte das forças policiais sendo conivente com Bolsonaro e o bolsonarismo. É preciso lembrar que o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, que foi réu por improbidade administrativa, foi exonerado após aqueles bloqueios durante o segundo turno das eleições e, não por acaso, pediu sua aposentadoria antes de acabar o antigo governo, talvez por receio de ter que responder a um verdadeiro presidente e não a um amigo ou admirador.

Quero também lembrar que têm muitas mãos sujas diante do que vimos ontem. Os atos terroristas são frutos de uma sequência de tentativas para tirar o PT do governo e exterminar a progressão progressista que o Brasil vinha caminhando. Essa onda antidemocrática e golpista nasce antes mesmo das eleições de 2018. É preciso lembrar que na reeleição da Dilma os derrotados já haviam gritado aos quatro cantos sobre suas desconfianças das urnas, assim como durante todo o processo do impeachment era notório que os conchavos contra o governo Dilma não se limitavam apenas a Brasília. Vários produtos da indústria cultural e os meios de massa fizeram parte do conluio que culminou no golpe de 2016 e, desde o momento da entrada do Michel Temer no poder, era nítido o caminho que o Brasil vinha tomando. Acredito que muitos, hoje, se arrependem, sobretudo aqueles que utilizaram daquele momento para angariar likes ou coisas nesse sentido, mas nós, que estivemos sempre do lado certo, cansamos de falar e fomos, por vezes, achincalhados e pintados como extremistas, apenas por apontar o óbvio.

Por fim, não é estranho pensar que o antigo presidente fugiu para os EUA antes de autorizar os atos que estamos vendo. A covardia do mesmo fica latente a cada dia. Covarde ao se apossar da fé alheia para sua escalada política, covarde por não se responsabilizar pelos seus erros durante a pandemia, covarde por não aceitar o resultado da eleição, covarde por não enfrentar a justiça e covarde por não dar a cara como líder e fazer com que outras pessoas sofram consequências em seu nome.

Espero que quem esteja à frente dessas investigações não esteja aparelhado pelo ideal bolsonarista de sociedade e que faça um trabalho duro à procura de quem pensou, investiu e esquematizou todos os atos terroristas dos últimos tempos. O "follow the money" trará nomes de pessoas que, infelizmente, não serão punidas de forma que desejaríamos. Contudo é imprescindível que esses nomes sejam expostos para o conhecimento de toda a sociedade para que no futuro saibamos desde o início quem são os inimigos que ficam nos bastidores fomentando e investindo em terroristas que querem destruir a democracia brasileira.

Fonte: Redação Nós
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