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E se Roberto Jefferson fosse negro? Ele seria preso em segurança?

Ex-deputado federal joga granadas em policiais federais e ainda assim é preso sem danos físicos e com conversa amistosa com outros agentes

24 out 2022 - 11h39
(atualizado às 11h39)
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Roberto Jefferson disparou tiros de fuzil e granadas contra a Polícia Federal (PF)
Roberto Jefferson disparou tiros de fuzil e granadas contra a Polícia Federal (PF)
Foto: Reprodução/Instagram Roberto Jefferson / Estadão

Roberto Jefferson, aquele mesmo que ficou conhecido por participar do mensalão, que foi substituído pelo padre Kelmon na candidatura do PTB, foi preso ontem (30) pela Polícia Federal. Antes da prisão, o ex-deputado federal, investigado por atividades com uma organização criminosa que teria agido para atentar contra a democracia, cumpre prisão domiciliar e usa tornozeleira eletrônica, atirou e usou uma granada contra os agentes e feriu uma policial federal na perna e na cabeça.

A Polícia Federal foi acionada pois uma das medidas que Jefferson deveria cumprir na prisão domiciliar é não utilizar as redes sociais. Ao se manifestar na internet, inclusive de forma muito baixa contra a ministra Cármen Lúcia, ele descumpriu a medida cautelar, resistiu à prisão e atentou contra a vida da agente, sendo possível até uma acusação de tentativa de homicídio que, na minha construção constitucional, é bastante plausível.

Se faz necessário ratificar que a prisão do ex-mensaleiro em nada tem a ver com o ataque à ministra. Não foi o fato de se expressar que o fez voltar à cadeia, e sim o descumprimento de não utilizar as redes sociais. Medida essa que o possibilitou ser preso em seu domicílio. É importante ressaltar isso pois existe uma tentativa de tornar o atual governo como perseguido pelo STF, quando, na verdade, eles estão sendo impedidos de descumprir leis eleitorais.

Se fez necessário fazer toda essa introdução para que todos entendam o tamanho de seus crimes. Porque quando pessoas como ele proferem que “bandido bom é bandido morto”, fica a pergunta: de que bandido ele está falando?

A população negra e pobre, que são as que mais convivem com a violência do estado, são diariamente mortas, feridas e coagidas simplesmente por estarem vivendo. São os primeiros a serem suspeitos sem fazerem nada, ou melhor, fazendo coisas que pessoas brancas e ricas podem fazer sem levantar a menor suspeita.

Posso listar com tranquilidade as várias vezes em que pessoas negras foram mortas sem terem feito absolutamente nada. Já tivemos pessoas negras mortas por ter guarda-chuva confundido com fuzil, morta por confundirem macaco de trocar pneu com arma e até vítima que teve um saco de pipoca confundido com saco de drogas. Esses são casos extremos, mas cotidianamente vemos jovens negros sendo parados por estarem sem camisa, por estarem vestindo determinado tipo de roupas ou até por coisas mais simples como dirigir um carro que, segundo a lógica racista, não coincide com o fenótipo dele ou dela.

Você já imaginou chegarem dois policiais em uma residência dentro da favela para buscar um jovem negro que descumpriu uma medida cautelar, serem recebidos a tiro de fuzil e granada e esse jovem sair de lá intacto? Isso não existe! Por muitos menos, agentes do estado já destruíram casas dentro da periferia na base do tiro.

"O que o senhor precisar a gente vai fazer", diz policial a Jefferson após ataque:

Isso é importante para todas as pessoas que não fazem parte desse ciclo de privilégio que abrange, majoritariamente, pessoas brancas e ricas, reflita se eles teriam esse tratamento da polícia. E antes que digam que civil e PM não são policiais federais, lembrem do caso Genivaldo de Jesus que foi morto por policiais rodoviários federais dentro da viatura que foi transformada em uma câmara de gás, e tudo começou pois ele estava sem capacete e de moto, coisa que o presidente cansou de fazer nas motociatas que promovia.

A reflexão se faz urgente! Pois o estado que privilegia a elite é o mesmo que amassa os que não fazem parte dela. O atual governo já fez diversos acenos mostrando que está mais preocupado com os patrões do que com o trabalhador. Diversos acenos que vão proteger ações policiais independente dos desmandos. O candidato bolsonarista ao governo do estado de São Paulo quer tirar as câmeras da farda dos policiais por qual motivo?

Precisamos entender de que lado estamos desse cabo de guerra. Se você se beneficia pelas condutas que listei acima, siga votando no candidato que as defende, porém se a sua realidade é o lado oposto, precisamos nos unir e derrubar esse governo que defende poucos e pisa na grande maioria da população brasileira.

Fonte: Luã Andrade
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