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Fraudes nas cotas raciais não são punidas pois só brancos podem cometê-las

Mentir a raça para conseguir mais fundo eleitoral é o novo fetiche da corrupção branca

11 out 2022 - 05h01
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Fraudar cota está virando algo bem comum no Brasil. Isso ocorre nas universidades, nos concursos públicos e agora, com mais frequência, na política.
Fraudar cota está virando algo bem comum no Brasil. Isso ocorre nas universidades, nos concursos públicos e agora, com mais frequência, na política.
Foto: Poder360

Nessas eleições muitos absurdos foram vistos. Fake news, erros em pesquisa, xenofobia com o Nordeste, entre outras dezenas de coisas. Para variar uma dessas coisas não está tendo o holofote devido. A fraude na declaração racial que teve como símbolo o candidato a governador da Bahia ACM Neto.

Foram ostensivamente publicadas matérias na semana passada sinalizando que partidos de direita elegeram mais candidatos negros do que partidos de esquerda, o que, para muitos, seria uma surpresa. Porém, o que se viu nessas matérias foram imagens de pessoas não negras mentindo sua raça para ter acesso a mais recursos.

Fraudar cota está virando algo bem comum no Brasil. Isso ocorre nas universidades, nos concursos públicos e agora, com mais frequência, na política. Como é comum no Brasil crimes que só brancos podem cometer passam despercebidos pelo radar da elite, seja ela da mídia, da política ou de qualquer outro setor, afinal, como diz o ditado popular, “quem cospe para cima na cara lhe cai”.

Por tamanha omissão sobre o tema, o número de pessoas fraudando abertamente as cotas raciais vêm aumentando significativamente, fazendo assim que uma medida que deveria mitigar o abismo racial no Brasil, só esteja colaborando para a sua manutenção. Negros e negras ocupam somente 26% das cadeiras da Câmara dos Deputados, o que já seria pouco se, de fato, todas essas pessoas fossem negras, porque mais de 50% da população do país é negra.

A desculpa recai sobre a raça ser autodeclaração, outras vezes desenterram uma tataravó negras que ninguém nunca viu, entre outros absurdos que visam legitimar a conduta antiética.

Nesse contexto percebemos que as manchetes deveriam ser “Direita é a que mais frauda cotas raciais para deputados”. O que passa a fazer muito mais sentido, já que são essas pessoas que sempre trataram questões sociais como algo menor, sendo os partidos de direita os mais contundentes ao se oporem as cotas raciais. O próprio ACM Neto é uma alegoria sobre isso. Seu partido votou contra as cotas e ele se declarou negro para obter um subsídio que ele, em tese, discorda.

Engraçado que são essas as pessoas que mais falam sobre corrupção. São essas que dizem que a esquerda é corrupta. São essas que dizem que toda essa história é mimimi.

Fica nítido que essa será uma conduta ainda mais corriqueira. Não só porque as questões raciais são escanteadas pela maioria, mas também pelo fato de que não há punição para quem comete tamanho absurdo. Esses políticos brancos servem de exemplo para uma galera jovem que irá utilizar dos mesmos artifícios para tirarem vagas de pessoas negras nas universidades e concursos públicos.

As cotas existem para que pessoas negras tenham um espaço historicamente negado pela sociedade brasileira. Espaço esse que quando ocupado incomoda a uma parcela da população branca. É desse incômodo que nasce o bolsonarismo. Pois é na sensação de perder os privilégios, sobretudo do capital, que o capitalismo e seus alicerces invocam, o nazifascismo. Enquanto eles não conseguem extinguir as cotas e voltarem a ter seus quartinhos de empregadas ocupadas, eles vão mentindo sobre sua raça e se apropriando de locais que deveriam ser usados para reparação histórica.

Fonte: Redação Nós
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