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O trabalho precarizado no Brasil tem raiz na escravização africana

Não por coincidência a cor de quem exerce as profissões menos valorizadas é preta

27 set 2024 - 17h53
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Imagem mostra dois garis negros trabalhando para retirar o lixo produzido durante as festas de fim de ano no Rio de Janeiro.
Imagem mostra dois garis negros trabalhando para retirar o lixo produzido durante as festas de fim de ano no Rio de Janeiro.
Foto: Alma Preta

Com uma frequência maior do que a maioria de nós gostariamos, aparece uma pessoa que pensa fazer parte da burguesia reclamando das pessoas pobres. As reclamações são geralmente as mesmas: preguiça, pouco esforço, acomodação e etc. Junto com esse tipo de postagem vem sempre algumas pessoas concordando e, infelizmente, muitas delas fazem parte da parcela que é criticada. Contudo o foco aqui não será falar necessariamente disso, mas refletir de como a escravidão no Brasil gerou uma lógica fundamental sobre o valor do trabalho.

É notório que tudo que vem do branco é exaltado e tudo que vem do negro é visto como algo ruim. Quando falo tudo é tudo mesmo. Tudo que é de origem africana em algum momento foi marginalizado no Brasil e vemos as sequelas disso ainda hoje. Por exemplo, a capoeira que hoje está no cronograma de muitas escolas infantis, já foi proibida por lei no Brasil. As religiões de matriz africana nem se fala, eventualmente vemos terreiros apedrejados, invadidos e sendo fechados por traficantes em nome de jesus. Para além disso, vemos também como as características físicas de pessoas negras são vistas como feias, enquanto o do branco é dito como exuberante.

No trabalho não é muito diferente. Todos os trabalhos precarizados de hoje, eram feitos por pessoas negras na época da escravização africana. Já ouviram falar em escravizados tigres? Eram escravos que coletavam as fezes e urinas do banheiro e levavam em um balde na cabeça para ser descartados no mar ou rio. Por levarem os dejetos no balde acima da cabeça por vezes caia um pouco de excremento na pele e com o sol faziam marcas que se assemelhava as de um tigre.

Fazendo um paralelo eu te pergunto: qual a cor do gari da sua rua? Qual a cor da maioria das empregadas domésticas? Que na escravidão eram aquelas que cuidavam da casa e ainda eram vitimas de abusos sexuais? Qual a cor da maioria dos PMs sem patente? Que eram aqueles que preferiam caçar seus pares de raça a serem açoitados e ficarem cortando cana? Esses são alguns dos vários exemplos de como profissões ainda hoje tem uma divisão racial muita bem estabelecida.

Ainda não foi convencido? Então me responde com quantos médicos negros você já se consultou ao longo da vida? Quantos CEO’s negros você conhece? Me fala um bilionário negro aqui no brasil (não que bilionario devesse existir)? Entra na federal de medicina, direito, engenharia civil, odonto e me fala quantas pessoas negras estão sentadinhas ali na carteira.

Fato é que o Brasil, pais da suposta democracia racial, tem um apartheid muito nítido que as elites do atraso se esforçam para não ser evidenciada. A gente sabe muito bem onde tem preto e onde tem branco. Favelas? Negros e Negras. Alphaville? Brancos. Garis? Negros. Médicos? Brancas e brancos. O mesmo vale para o senado, para os juízes, desembargadores, câmaras municipais, todos esses locais de poder são majoritariamente brancos. A distorção racial baseada na raça e na classe é evidente e ainda hoje as pessoas tentam a todo custo mitigar essa realidade.

Fonte: Redação Nós
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