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Racismo no Brasil prejudica o desempenho do país nas Olimpíadas

Falsas afirmativas biológicas e empobrecimento de pessoas negras reflete nosso quadro de medalha

2 ago 2024 - 12h07
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Simone Biles e Rebeca Andrade, em 2023
Simone Biles e Rebeca Andrade, em 2023
Foto: Ricardo Bufolin/CBG

Não há novidade em dizer que esporte de nível olímpico tem muito a ver com infraestrutura e investimento. Países mais pobres nunca terão chance de competir com países mais abastados, já que a prioridade é a sobrevivência do seu povo. Contudo, para além disso, existem outros fatores que mitigam a performance dos países em competições internacionais, e o racismo é um deles.

Apesar de saber que o esporte em países estruturalmente racistas como o Brasil é uma das poucas maneiras legítimas para pessoas negras ascenderem socialmente, sei também que, assim como quase tudo em uma sociedade capitalista, o dinheiro interfere diretamente em tudo isso.

Se pegarmos um esporte bem popular como o futebol, que só precisa de uma bola e dois pares de chinelo, vemos a quantidade de pessoas negras que jogam e quantos atletas negros e pobres, super campeõs nós temos.

Podemos também observar que a medida que o esporte foi ficando mais profissional, mais físico e mais capitalista, no Brasil ele está se embraquecendo, seja dentro ou fora de campo, pelos preços dos ingressos, e países ditos de primeiro mundo estão cada vez mais fortes na modalidade.

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E isso não é muito complexo de entender. Pessoas com mais poder econômico terão acesso a melhores suplementações, melhores noites de sono, melhores orientações, alimentação e estrutura de maneira geral, fatores determinantes quando falamos de alta performance.

Outro ponto a se observar é que quanto mais pessoas praticando determinado esporte, mais talentos são desenvolvidos, ou seja, quantas pessoas brancas têm acesso à natação no Brasil e quantas pessoas negras acessam piscinas no Brasil? Diferente do futebol, como citado acima, a natação precisa de estrutura para ser praticada, logo, precisa de dinheiro para ser treinada, logo, no país onde a população negra é a mais empobrecida, qual a cor da maioria que estará na natação?

Quantas escolas públicas têm piscina? Quantas pessoas negras têm acesso à hipismo, polo, vela e outros esportes que demandam muito dinheiro para serem feitos?

Só um ponto interessante e jocoso que quando eu era novo achava que Olimpíadas era coisa de rico porque, em via de regra, só via o Brasil indo bem com os velejadores Robert Scheidt e Torben Grael.

Lembro que via os sobrenomes desses caras e pensava que nem sabia pronunciar direito. Não à toa, os dois citados são os maiores medalhistas olímpicos até hoje. Dois homens brancos. Apesar de que na cola deles hoje temos tês pessoas negras. Serginho do vôlei, Rebeca Andrade e Isaquias Queiroz.

E isso só se tornou possível graças, primeiramente, aos esforços dos atletas, mas também ao governo do PT (Partido dos Trabalhadores) que ampliou o bolsa atleta incorporando-os às Forças Armadas. Um atleta de alto rendimento hoje pode chegar a receber quase R$ 17 mil por meio desse projeto.

Durante muito tempo o que se ouvia era que pessoas negras tinham aptidão para determinados esportes e eu, particularmente, já ouvi as desculpas mais terríveis para justificar isso. É papo que negros não sevem para esportes aquáticos porque a densidade éssea os faz afundarem. A mesma desculpa já vi sendo usada para ginástica, essa mesma ginástica que hoje temos duas mulheres negras no topo do mundo.

Assim como já vi pessoas falando que negros são bons para corrida com umas justificativas mais descabidas ainda, ou seja, racismo científico para mascarar como o capitalismo estraga tudo que toca, já que as coisas passam a ser construídas graças ao dinheiro e não ao talento.

Penso que negros, brancos, amarelos, indígenas e qualquer outra etnia do mundo são todos sapiens e cada invidíduo pode ter individualidades que beneficie ou prejudique determinados esportes.

A única coisa que separa países no quadro de medalhas é o tempo e dinheiro que são gastos desenvolvendo atletas. Não à toa que a grande maioria no topo do rankink traz países imperialistas, que historicamente empobreceram outras regiões e até hoje se beneficiam disso. O que separa pessoas negras e pessoas brancas na nossa sociedade não tem nada a ver com fator biológico e sim social.

Fonte: Luã Andrade
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