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Reconhecer a culpa da escravização transatlântica não é 1% da dívida portuguesa 

Brasil sofre até hoje o reflexo de uma colônia de exploração e falas sem ações não ajudam em nada

26 abr 2024 - 10h08
(atualizado às 10h10)
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Presidente de Portugal Marcelo Rebelo de Sousa confessou crimes coloniais, o que não passa do óbvio
Presidente de Portugal Marcelo Rebelo de Sousa confessou crimes coloniais, o que não passa do óbvio
Foto: REUTERS/Pedro Nunes

Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal, confessou o óbvio e isso gerou uma certa comoção na imprensa nacional. Ele simplesmente disse que foram cometidos diversos crimes durante a escravização africana e indígena no Brasil colonial e que Portugal deveria "pagar os custos" desses crimes coloniais.

A verdade é que essa mea culpa que alguns países europeus, como a França, que já embarcou nessa também, começaram a fazer não muda nada o quadro das ex-colônias que seguem na miséria e colhendo o fruto de terem suas riquezas roubadas.

Já que citei a França, vai aí um dado para a gente refletir. Os franceses detêm a quarta maior reserva de ouro do mundo. Sabe quantas minas de ouro tem lá? ZERO! O Mali, que era ocupado pela França até outro dia, tem mais de 850 minas de ouro e NENHUMA reserva de ouro.

Portugal não é diferente. Mesmo muita gente brincando, de uma maneira até equivocada ao meu ver, dizendo que Portugal está mais para Norte da África do que para Sul da Europa, o país lusitano goza até hoje de uma base sólida conseguida com toda exploração de suas colônias.

O impacto português no Brasil vai muito além dos crimes mencionados pelo presidente. Esses são, talvez, os principais, mas desencadearam várias mazelas que vemos até hoje fincadas em nossa sociedade.

O Brasil era visto como uma "teta de vaca". Os portugueses era como cupins. Eles chegaram e usaram armas biológicas para matar os povos originários. Isso mesmo. Pegavam roupas de pessoas mortas por doenças que eram comuns na Europa e infectaram indígenas levando vários a morte. Essas mortes enfraqueciam a estrutura da civilização e, a partir disso, eles atacavam, dominavam, escravizavam e estupravam.

Sim, eles se fingiam de amigos e covardemente atacavam. Depois, vinham os católicos para catequizar indígenas, vinham os bandeirantes explorar e roubar locais mais afastados do litoral e só vinham para o Brasil, na grande maioria, pessoas não gratas em Portugal. E todos homens, nessa época mulher nem podia pisar em uma caravela.

Depois de tentar escravizar os povos originários e matá-los em grande escala, eles partiram para a escravização africana e aí foram mais de 10 milhões de pessoas atravessando o Atlântico encarceradas em barcos ao longo dos séculos.

Era tanta gente e tanta morte nesse transporte que, dizem, não sei se tem comprovação, que os navios interferiram na vida marítima, a ponto do rastro de sangue fazer com que tubarões passassem a acompanhar os navios à espera de corpos desovados. Não sei se é verdade, mas não me parece impossível.

Nesses séculos, pessoas negras eram como gado. Sabe esses movimentos contra exploração de animais que acham absurdo os bichos serem criados para abate? Pois escravizados eram criados para o trabalho, desde a infância, mulheres negras eram estupradas e homens negros obrigados a estuprar para que aumentassem a quantidade de escravizados.

Era literalmente como gado e cavalo, gente. Tinha o garanhão, que geralmente eram homens da canela fina e altos, que diziam que tinham mais chance de terem bebês homens. Esses homens eram obrigados a ter dezenas de relações sexuais por dia. Enquanto faziam isso, tinha até algumas regalias alimentares e de descanso, mas, a partir do momento que as expectativas não era correspondidas, eram execrados. Ou seja, muita gente fala hoje para não comprar animais e adotar porque as pessoas compram bichos para procriar e vender. Pois é, era prática também adotada para negros.

O que eu coloquei acima não é 10% do que rolou com indígenas, negros nessa terra que hoje vivemos. Poderia dar vários exemplos, como o sucateamento do Nordeste. Portugueses chegaram por aqui, exploraram a terra por centenas de anos e ficaram pelo Nordeste, quando o café e a exploração de minérios virou a nova “moda”. Eles pegaram todas as riquezas da exploração da região e se mandaram para o Sudeste.

Eu também poderia falar que as escravizações europeias foram abençoadas por um papa, poderia falar sobre como a polícia militar foi pensada para proteger os interesses da coroa contra a revolta do povo pela escassez e impostos, ou até mesmo como facilitaram a vinda de europeus na tentativa de branquear a população. Essa última é uma culpa já dividida entre portugueses e brasileiros.

A verdade é que Portugal não queria o fim da escravização, só fez isso por conta das pressões inglesas e pelos levantes dos escravizados, muito menos quis que o Brasil fosse independente. Tudo isso ocorreu contra a vontade deles. Se dependesse deles, nosso destino seria muito similar ao de alguns países africanos que são totalmente reféns dos países europeus.

Para a gente começar a falar em reparação histórica, Portugal teria que mandar bilhões de euros e ainda assim não seria suficiente. Eu não sei o porquê dessas declarações, o que eu sei é que nada prático será feito. Esses países nunca estão preocupados com nada fora das suas fronteiras.

Fonte: Redação Nós
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