Script = https://s1.trrsf.com/update-1744920311/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Relação da polícia com a Ku Klux Klan não é novidade para quem é da favela

A ojeriza de boa parte dos policiais a pretos e pobres está estampada nas operações que violam os direitos individuais

17 abr 2025 - 04h59
Compartilhar
Exibir comentários
O vídeo foi removido do ar
O vídeo foi removido do ar
Foto: Reprodução

O 9° Batalhão de Ações Especiais de Polícia da cidade de São José do Rio Preto publicou nas suas redes sociais um vídeo onde policiais militares estão em volta de uma cruz com os braços em riste. Após a repercussão, o vídeo foi removido do ar. Segundo a PM de São Paulo, as imagens não têm cunho religioso, político ou social, que era apenas o encerramento de um curso. O Ministério Público de São Paulo deu dez dias para a PM se explicar sobre o vídeo.

É uma ilusão a gente pensar que em uma sociedade racista as instituições ocupadas por pessoas dessa sociedade agiram de maneira distinta. Lembro a vocês que há pouco mais de um mês, vice-prefeito da mesma São José do Rio Preto estava sendo acusado de racismo pelo segurança do Palmeiras. Isso para dizer que o racismo institucional é formatado por pessoas, e se essas pessoas forem racistas, o mesmo ocorrerá dentro de qualquer serviço público ou privado.

A polícia é um braço do Estado que foi formatado para coagir pessoas negras. Sei que pode parecer exagero, mas a PM nasce para proteger o poder do povo, comutantemente para oprimir ex escravizados de ficarem circulando nos grandes centros e o expulsarem para margem da sociedade, e a lei dos vadios e capoeira foi instrumento fundamental para esse tipo de coerção.

Hoje em dia pouca coisa mudou, e do ponto de vista de guerra racial, até foi otimizado. Porque em uma sociedade racista e eugenista a extinção da população negra é o foco. E quando se tem negros matando negros, o plano beira a perfeição. Se nós observarmos com um certa sobriedade, a polícia e o militarismo eram um dos poucos meios do negro mitigar o racismo e ter um emprego. Com isso, hoje temos o fenômeno de negros matando negros. Porque a maioria dos polícias que morrem em serviço também são negros, enquanto o alto escalão é majoritariamente branco. Em resumo, são brancos dando ordem para negros matarem negros.

Pessoas negras sofrem racismo em qualquer esfera da sociedade, mas é óbvio que dentro das periferias a raça somada a classe faz com que as coisas ganhem tons ainda mais dramáticos. E é lá que a similaridade da polícia com a KKK é muito mais notória. São nesses CEPs que cruz pegando fogo e braço em riste parece brincadeira de criança. O que é uma cruz de fogo perto da morte de um filho, ou ter seu irmão forjado, ou apanhar por ser suspeito. O que é um braço em linha reta com a palma da mão aberta virada para baixo, a ser morto por causa de um guarda-chuva, uma furadeira e um saco de pipoca? Foram esses objetos que já foram confundidos com armas e que fizeram a polícia assassinar pessoas negras.

Nem de longe eu estou falando que o que ocorreu é algo comum e que não deva ser noticiado, mas eu quero atentar que coisas muito piores do que essa ocorrem todos os dias com pessoas negras e nós já tratamos com uma certa normalidade. Não comove como deveria. A confiança e liberdade que o nono batalhão de São José do Rio Preto teve em postar aquele vídeo, é apenas um por cento de todo racismo que está presente no DNA da instituição policial militar.

Fonte: Luã Andrade Luã Andrade é criador de conteúdo digital na página do Instagram @escurecendofatos. Formado em comunicação social e membro da APNB. Luã discute questões étnico raciais há dez anos e acredita que o racismo deva ser debatido em todas as esferas da sociedade.
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade