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BBB23: como diria o poeta, ganhar não é vencer

A grande final reforçou que o resultado do BBB 23 não fez justiça com quem assistiu e muito menos com os reais protagonistas

26 abr 2023 - 08h57
(atualizado às 10h32)
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Amanda Meirelles é a grande vencedora do BBB23
Amanda Meirelles é a grande vencedora do BBB23
Foto: Globoplay

"Planta ganha um programa?", provoca Amanda, a campeã do BBB23, ao chegar ao pódio armado no estúdio da TV Globo para celebrar a vitória e o prêmio de quase 3 milhões de reais pago à campeã da edição. Depois de mais de 3 meses confinada e, em boa parte deste tempo, deitada na horizontal, a médica paranaense provou que sim. Planta pode ganhar o programa. Mas a peleja entre as 3 finalistas, uma negra e duas mulheres brancas e loiras, além da vitória de "Amandex" remeteram a uma velha questão, levantada um dia pelo ex-apresentador Tiago Leifert: afinal o BBB é justo ou não? 

O BBB23 foi tudo, menos justo. Não houve justiça com quem de fato protagonizou as melhores histórias e os embates mais interessantes do programa. E o curioso é que a edição da finalíssima nem tentou disfarçar isso. Pelo contrário, deixou ainda mais evidente. Em clima de grande festa, todos os participantes da edição, com exceção do influencer Bruno Gaga que apertou o botão da desistência e do lutador Cara de Sapato e do cantor MC Guimê, ambos eliminados por terem molestado a mexicana Dania enquanto ela fazia intercâmbio na casa, todos eles voltaram a um cenário familiar. Mas, para alguns participantes, ficou a sensação de que a longa viagem até Curicica não compensou tanto assim. 

Larissa, Fred Bruno, Key e Cowboy, Christian, Gabriel Fop se transformaram em nota de rodapé de um livro cujo final se perdeu totalmente. A ironia é que essa obra, escrita em 100 dias, em determinado momento até parecia que iria embalar e tornar-se referência de como os realities mudaram junto com a sociedade brasileira. Importunação sexual, parceiros tóxicos, racismo religioso, atitudes que foram normalizadas em outras edições, não foram  toleradas neste BBB. Em parte pela pressão do público se manifestando nas redes e em parte pela atitude de algumas marcas que influenciaram na decisão adotada pela direção do programa. Não pegaria bem para patrocinadores serem coniventes com comportamentos abusivos ou criminosos.  

Tenho para mim que quando a gente forçar pela memória, num futuro próximo, tentando resgatar o nome da campeã do ano de 2023, iremos com menos esforço lembrar, por exemplo, de Domitila Barros. Com o nome de líder boliviana que lutou contra a ditadura em seu país, a pernambucana de 38 anos descobriu, nas palavras de Paulo Vieira, que era mais fácil vencer o Miss Alemanha do que o BBB23 em seu próprio país. Ao lado de Fred Nicácio, foi uma das grandes protagonistas que resistiram até onde deu. Antes dela, foi a vez do enfermeiro Cezar Black, de seu irmão de alma e de outros como Gabriel Santana, Marvilla e Sarah Aline (essa eliminação doeu), que não conseguiram sobreviver à torcida de Amanda e das desérticas. Todos que eram integrantes do quarto Fundo do Mar.

Quem marcou a história desta edição, infelizmente, foi eliminado na reta final um a um. Até que sobraram apenas as desérticas Larissa, Bruna, Aline e Amanda. Quando mais um integrante do Fundo do Mar cruzava a porta da saída, um pouco da audiência partia junto, frustrada por não entender como o país votava a cada paredão. Até chegar uma hora em que a resistência dentro da casa se tornou minoria e incapaz de lutar contra o óbvio. Como escreveu a sambista Teresa Cristina nas redes sociais, o BBB23 se tornou uma "máquina de eliminar pretos". Parecia uma praga que tinha recaído sobre os integrantes mais carismáticos e protagonistas de conversas muito mais enriquecedoras (para quem podia acompanhar a Globoplay) do que as do outro lado. Era difícil assistir às prosas travadas no Deserto. Quase sempre monotemáticas, eram dirigidas a queimar adversários e destruir reputações de participantes que mal conheciam. 

Antes do resultado ser conhecido, numa das menores votações e audiências da história dos BBBs, a futura vencedora Amanda, afirmou que levava a família no coração para todos os lugares onde ia. No VT apresentado ao público, com o perfil de cada finalista, a médica disse que tudo o que fazia na vida era pela família. Estava ali no BBB para "buscar o que é nosso" (dela e da família), disse Amanda. Na hora, Fred Nicácio deve ter pensado no que disse uma vez a seus colegas de quarto, após notar que a médica se referia ao BBB como mais uma oportunidade com a qual a vida a havia presenteado. Para Nicácio, as oportunidades para negros nunca se apresentaram de forma fácil. Aí estava a grande diferença entre os dois grupos adversários. 

Conhecedora de todas as dificuldades que a vida colocou em seu caminho, Sarah Aline não deixou barato na festa da final. Ficou loira, mantendo ainda suas tranças, e se vestiu com tomara- que-caia pink e luvas ¾ da mesma cor. O look da final, lembrava muito, na cor, corte e na essência, aquele usado por Marilyn Monroe para interpretar  a canção "Diamonds are a Girl 's Best Friend", copiado mais tarde por Madonna, em Material Girl. A canção de Marylin Monroe tem um subtítulo bem famoso e que pode representar uma certa ironia: "Os Homens Preferem as Loiras". Vi no figurino de Sarah um recado. Se fossem brancas e loiras, haveria uma alta probabilidade dela e Domitila, duas participantes que marcaram a história deste BBB, estarem sentadas no sofá da casa, numa mesma final feminina e no maior suspense, aguardando Tadeu Schmidt dizer "a campeã do BBB 23 é…". Quem sabe um dia. 

Fonte: Redação Nós
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