Daniel Alves: pagar pelo crime cometido é uma questão de dinheiro
Condenado por estupro, ex-jogador poderá ser solto com pagamento de fiança de um milhão de euros. Decisão mostra que prisão é para pobres
Daniel Alves, acusado de estupro, teve sua liberdade provisória concedida com pagamento de fiança de 1 milhão de euros, o que gerou indignação e sinalizou que a liberdade é uma questão de dinheiro.
Nesta quarta-feira, 20, Daniel Alves correu atrás de 1 milhão de euros para deixar a prisão Brian 2 o mais rápido possível. Não conseguiu a tempo o dinheiro da fiança estabelecida pela Justiça e vai dormir mais uma noite no local onde há 14 meses está encarcerado.
Mas a notícia de sua liberdade provisória causou indignação. Mesmo que tenha vindo cercada de restrições, tais como a proibição de deixar a Espanha e a obrigação de comparecer uma vez por semana diante de um tribunal, a mensagem que fica mais uma vez é que sendo rico (e homem), a punição de um crime é uma questão de saldo bancário.
Não importa o tamanho da pena e a gravidade do crime cometido quando o condenado é alguém com muita grana. O dinheiro vai garantir o retorno às suas casas luxuosas, com adega cheia, mesa farta de iguarias e carrões na garagem.
Em liberdade, mesmo que provisória, homens com o patrimônio de Daniel Alves, que aliás é 60 vezes maior do que a fiança fixada pela justiça espanhola, terão a solidariedade de seus "parças". Ouvirão que foram injustiçados porque a vítima quis se aproveitar do fato do agressor ser alguém famoso e endinheirado, uma infeliz que quis desgraçar a reputação de um cidadão de bem. Quem sabe até evoquem a justiça divina, porque afinal "Deus acima de tudo".
A vida seguirá normalmente porque para eles estupro é um vacilo, no máximo um erro como disse Tite, ex-técnico de Daniel na seleção brasileira de futebol. Não precisa necessariamente envolver arrependimento, muito menos punição, sentença, essas coisas. Culpa então, nem pensar. Perdão só o das mulheres da família, porque "quem me conhece sabe". Vão seguir suas vidas com a certeza de que terão o perdão de boa parte de sua irmandade masculina.
Triste é que o mesmo não se pode dizer da vida das mulheres vítimas, marcadas para sempre pelo trauma da violência de seus agressores.