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O que as princesas Diana e Maria Leopoldina têm em comum?

Dois séculos separam Diana de Maria Leopoldina, ambas carismáticas, influentes e terrivelmente traídas por seus maridos

28 ago 2022 - 05h00
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Não é apenas o título real que elas têm em comum
Não é apenas o título real que elas têm em comum
Foto: ePipoca

Por um capricho do destino, os caminhos de Diana Spencer e os de Maria Leopoldina se cruzaram em 2022. Nas comemorações dos 200 anos da independência, a vida da primeira Imperatriz do Brasil e seu papel decisivo pela emancipação do país estão sendo revistos. Já Diana, que partiu há exatos 25 anos, deve ter mais capítulos de sua história revelados em breve. Desta vez, pelo filho, o Príncipe Harry, que finaliza uma autobiografia com poder de estremecer o Palácio de Buckingham.

Motivos não faltam para a preocupação da monarquia inglesa. É sabido que Harry se recusou a compartilhar mais detalhes do livro com a família. Apenas avisou que estava redigindo a obra "não como o príncipe, mas sim como o homem que se tornou". Longe da condição de realeza, pode se sentir mais à vontade inclusive para falar sobre a madrasta Camila Parker Bowles, cuja relação com o Príncipe Charles atormentou Diana. 

Antes de Diana, Camila foi namorada de Charles. Foi também o grande amor da vida dele. Mas era considerada pouco adequada para a função de esposa do herdeiro do trono. Charles foi convencido pela família de que a doce Diana, com seus 19 anos — e que vinha de uma família influente — era a noiva perfeita. 

A princesa de Gales revelou que se encontrou apenas 13 vezes com Charles antes de se casar. Durante o noivado, o herdeiro aparecia vez por outra e sumia durante semanas, deixando Diana na mais completa solidão, como foi retratado na temporada 4 da série The Crown (Netflix, 2020). 

O casamento, em julho de 1981, parecia a materialização de um conto de fadas. A cena inesquecível de Diana entrando na Catedral de St Paul com um vestido de tafetá de seda, com mangas bufantes e quase 8 metros de cauda, foi vista por 750 milhões de pessoas no mundo todo. Ainda adolescente me postei diante da TV às 6 horas da manhã no horário do Brasil para acompanhar o casamento do século. 

Mal sabíamos que, para Diana, aquele seria considerado o pior dia de sua vida. Enquanto caminhava em direção ao altar, Diana olhava para os lados para conferir se Camila estava entre os convidados da igreja. Era um indício de que dias de humilhação e sofrimento ao lado de Charles seriam uma constante na relação. 

Maria Leopoldina, a Arquiduquesa da Áustria, casou-se sem nunca ter visto Dom Pedro. A cerimônia aconteceu em Viena, sem a presença do herdeiro da Coroa Portuguesa. Como em outros casamentos entre nobres da época, a união era mais um acordo político. Neste caso, uma oportunidade de estabelecer alianças entre Portugal e Áustria e escapar da enorme influência da Inglaterra, país que era o principal aliado da família de Dom João VI. 

No dia do casamento sem o noivo, Leopoldina carregava apenas um retrato de Dom Pedro e isso já tinha sido suficiente para despertar nela uma paixão fulminante. No livro "D. Leopoldina, a História não Contada: a Mulher que Arquitetou a Independência do Brasil" (LeYa, 2017), o pesquisador Paulo Rezzutti revela que a futura princesa se dizia transtornada pela beleza do marido no retrato. "O que será de mim quando vir o príncipe todos os dias?", indagou Leopoldina em seus relatos. 

Dom Pedro só encontraria a mulher seis meses depois, ao desembarcar no Rio de Janeiro vinda da Europa para finalmente selar a união. 

Segundo os historiadores, era um homem alto para sua época. Media entre 1,64 e 1,67m, era atlético, gostava de exibir o físico em suas caminhadas pelo Rio de Janeiro e era muito menos preparado do que sua esposa. 

Tinha uma personalidade que poderia ser encantadora, mas era dono de um gênio instável. Maria Leopoldina servia como um contraponto, alguém que acrescentava equilíbrio a ele. Com sua cultura refinada, ela também compensava a falta de uma formação mais sólida do marido.

Antes de Dom Pedro, Leopoldina vislumbrou que o melhor que poderia acontecer para o Brasil e para o futuro de seus filhos (deu à luz sete filhos, o mais novo deles era Dom Pedro II), seria um país independente de Portugal. Em "1822" (Globo Livros, 2015), o autor Laurentino Gomes conta que a declaração de independência do Brasil  foi escrita por José Bonifácio e assinada pela princesa Leopoldina, restando a Dom Pedro apenas “o papel teatral de proclamá-la na colina do Ipiranga". 

Mas um pouco antes de proclamar a independência, em viagem a São Paulo, Dom Pedro conheceu Domitila de Castro Canto Melo, um ano mais velha que ele, separada e com três filhos. Foi uma paixão avassaladora. 

A futura Marquesa de Santos foi levada por Dom Pedro à corte carioca, onde ascendeu rapidamente. As demonstrações de afeto com a amante se tornavam cada vez mais públicas. Enquanto isso, Maria Leopoldina ia sendo afastada de tudo. A imperatriz aguentava a humilhação  calada, mas se tornava mais deprimida e solitária.

Em 1826, aos 29 anos, morreu de causas ainda misteriosas. Boatos falam que uma causa provável teria sido uma agressão de Dom Pedro, um chute na barriga, na frente da Marquesa de Santos. 

Pelos livros publicados sobre a Imperatriz, sabemos que notícia da morte, aos 29 anos, causou comoção na população. Antes de sua partida, escreveu uma carta à irmã Maria Luísa falando que o marido a tinha maltratado na presença "daquela que é a causa de todas as minhas desgraças". E completou dizendo que faltavam-lhe "forças para lembrar de tão horroroso atentado que será sem dúvida a causa da minha morte".  

Diana, depois de ser isolada pela família, também desabafou. Mas foi em uma entrevista bombástica conduzida pelo apresentador da BBC Martin Bashir. Revelou que no palácio a tratavam como louca. Também assumiu sofrer de bulimia e falou que, no casamento dela, havia uma terceira parte envolvida: Camila. 

Quando decidiu assumir o controle de sua vida, seu desejo foi interrompido dentro de um túnel na cidade de Paris, em 31 de agosto de 1997. Se estivesse viva, teria 61 anos e cinco netos. 

Quanto à Maria Leopoldina, sempre é tempo de lembrar que seu papel não se resumiu ao de mulher de Dom Pedro. Ainda hoje mulheres são minoria em ambientes de poder. Mas jamais podem ser consideradas invisíveis. 

Fonte: Redação Nós
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