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Os sentimentos opostos gerados pelos reencontros de Xuxa

Se na série da Globoplay choveram críticas no reencontro com Marlene Mattos, em "Criança Esperança", Xuxa é celebrada como ícone de uma era

9 ago 2023 - 11h23
(atualizado em 26/10/2023 às 09h27)
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Marlene Mattos e Xuxa protagonizam primeiro reencontro após 19 anos de rompimento, em 'Xuxa: o Documentário'
Marlene Mattos e Xuxa protagonizam primeiro reencontro após 19 anos de rompimento, em 'Xuxa: o Documentário'
Foto: Divulgação/Globoplay / Estadão

O reencontro entre Xuxa, Angélica e Eliana no Criança Esperança fez muita gente suspirar de saudade por uma época em que as três loiras dominavam a programação infantil na televisão brasileira.

Confesso que essa adoração é um pouco estranha a mim. Já não era assim tão criança quando as atrações comandadas por elas faziam sucesso na TV. De qualquer maneira, a apresentação de ontem resgatou lembranças no público mais nostálgico. Ao mesmo tempo, imprimiu modernidade, com uma apresentação que envolveu tecnologia, muita coreografia, figurinos e cenário luxuosos, tudo o que torna grandiosa uma transmissão ao vivo.  

As cenas do reencontro logo dominaram a internet e remeteram à performance icônica de um outro "power trio" formado 20 anos atrás para os VMAs, a festa de premiação da MTV, nos Estados Unidos. A apresentação reuniu Madonna, Britney Spears e Christina Aguilera. Era o encontro da rainha com as princesas do pop, saídas do "The All- New Mickey Mouse Club", programa infantil dos anos 90, produzido pelo Disney Channel. 

Britney e Aguilera beberam da fonte que antes havia sido escavada por Madonna. Talvez não existissem como fenômeno pop se Madonna não tivesse vindo antes. O mesmo podemos dizer do trio de apresentadoras brasileiras. Sem Xuxa, que consolidou o padrão da apresentadora branca, loira e com corpo de modelo, provavelmente não teríamos Angélica e Eliana. 

No entanto, ao longo da carreira, faltou em Xuxa um pouco de Madonna e sobrou Britney Spears, a ex-estrela da Disney cuja biografia tem uma longa lista de abusos praticados pelos pais/empresários. 

Com Madonna a história é outra. Uma das maiores contribuições de Madonna foi ensinar a outras estrelas que podiam ter controle sobre a carreira. Se a cantora sabia exatamente como queria conduzir sua trajetória, fazendo prevalecer sua opinião em tudo, Xuxa se colocou como aprendiz. Essa atitude fica explícita no episódio "Encontros e Despedidas", o 4º da série "Xuxa, o Documentário" (Globoplay). 

O episódio mostra que, ao ser apresentada a Marlene Mattos, Xuxa foi indagada sobre o que gostaria de fazer na televisão. "Eu quero aprender", respondeu a apresentadora. Foi a senha para que Marlene pudesse colocar em prática tudo que imaginava ser o melhor para a carreira da pupila. Também se sentiu autorizada a mandar e desmandar. Xuxa permitiu. Não acenou que se sentia uma marionete nas mãos de Marlene no período em que trabalharam. Só na maturidade, quando reviu as situações pelas quais tinha se submetido, Xuxa passou a falar abertamente que era relação abusiva. Logo foi julgada pelo tribunal da internet com críticas de que agora, cheia da grana, era fácil fazer o papel de vítima. 

Os quase vinte anos de parceria esgarçaram a fronteira entre vida pessoal e profissional a ponto de parecer normal Marlene acompanhar Xuxa num exame ginecológico e ainda querer espiar para ver se estava tudo bem com a apresentadora.

Namorados, Marlene Mattos e outras declarações de Xuxa Namorados, Marlene Mattos e outras declarações de Xuxa

Fica evidente ao longo do episódio que a dinâmica da relação era muito particular. Xuxa vivia encastelada, solitária, porque tudo ao seu redor girava em torno do trabalho, que garantia cada vez mais fama e dinheiro. Marlene vivia para cuidar de Xuxa e fazer o dinheiro se multiplicar ainda mais. A diretora, empresária, braço direito e esquerdo da apresentadora, a nordestina que só conhecia televisão pela janela dos vizinhos, quando vivia no Maranhão, levou ao extremo a missão a ela designada. Ficou esgotada de tanto trabalho.

Na vida de uma celebridade sempre existe alguém por trás fazendo o trabalho sujo, digamos assim. Com Marlene não foi diferente. Ela se indispunha com quem precisasse, incluindo a alta cúpula da Globo formada por homens, para atender os pedidos de Xuxa. Devia ter consciência de que se não fosse dura com os outros poderia ser descartada num piscar de olhos. Como disse Boni em depoimento para a série, o "tesouro" da emissora era Xuxa e não Marlene. 

Xuxa e Marlene Mattos se reencontram e 'lavam roupa suja' em nova entrevista:

Não me parece que as coisas tenham mudado tanto de lá para cá. As televisões continuam dominadas, nos postos de chefia, por homens. Beleza e juventude ainda contam para uma mulher estar na frente das câmeras na função de apresentadora, exigência que não existe para os homens. 

Pode haver uma menor tolerância com relação aos casos de abuso em ambiente de trabalho atualmente. Quando vêm a público, encontram mais eco do que no passado. Mas enquanto o sucesso pessoal se resumir em ser alguém rico e famoso, por essa ideia de "chegar lá" a qualquer preço, será que os excessos, de uma certa maneira, não continuam autorizados?  

Fonte: Redação Nós
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