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Vencedora do Nobel da Paz relata ao mundo os horrores que testemunha na prisão em Teerã

Luta pelos direitos humanos da iraniana Narges Mohammadi precisa de mais solidariedade mundial

7 out 2023 - 05h00
(atualizado em 26/10/2023 às 09h01)
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Vencedora do Nobel da Paz este ano, a jornalista de 51 anos Narges Mohammadi é uma incansável defensora da liberdade e dos direitos humanos
Vencedora do Nobel da Paz este ano, a jornalista de 51 anos Narges Mohammadi é uma incansável defensora da liberdade e dos direitos humanos
Foto: Reprodução/Instagram/nobelprize_org

Tem pessoas que se diferem pela imensa coragem com que conduzem suas vidas, mesmo diante das situações mais ameaçadoras. Seres humanos alimentados por uma vontade incansável de fazer do mundo um lugar melhor.

 "Verdadeiros líderes devem estar prontos para sacrificar tudo pela liberdade de seu povo", disse certa vez Nelson Mandela, o homem cuja luta pôs fim ao regime de segregação racial da África do Sul. Há exatos 30 anos, Mandela era o vencedor do Nobel da Paz. 

Neste ano, o prêmio foi dado à iraniana Narges Mohammadi. Assim como Mandela, a jornalista de 51 anos é uma incansável defensora da liberdade e dos direitos humanos. Desde os tempos de estudante, Mohammadi tem lutado contra a injustiça, a discriminação e contra o regime religioso de seu país que considera despótico, misógino capaz de promover a destruição das vidas. 

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Assim como Mandela, o cárcere se tornou algo familiar na vida de Mohammadi. Atualmente ela cumpre sentença de 10 anos e nove meses na prisão de Evin, em Teerã. Mas já esteve nessa mesma prisão outras duas vezes. 

Encarcerada no ano passado, após a morte de Mahsa Amini, morta sob custódia da polícia da moralidade por supostamente usar o hijab de forma inadequada, a jornalista se transformou em testemunha dos horrores promovidos pelo regime dos aiatolás às mulheres. De dentro da ala feminina, Mohammadi relata ao mundo o que acontece na prisão de Teerã. E o que vê é uma violência sistemática contra as mulheres que ousaram desafiar o governo de seu país. 

Em carta ao jornal The New York Times, no mês passado, quando a morte de Mahsa Amini completou um ano, a jornalista relatou que conheceu muitas prisioneiras que haviam sido espancadas e machucadas, com seus ossos quebrados e que haviam sido agredidas sexualmente. "Eu tentei o meu melhor para documentar e compartilhar essa informação". 

No mesmo artigo, a vencedora do Nobel da Paz disse que, antes da morte de Mahsa Amini, já tinha ouvido alguns relatos de agressões sexuais contra mulheres dentro das prisões femininas. Mas nunca havia testemunhado pessoalmente tantos espancamentos e ferimentos com ameaça à vida, nem se deparado com histórias de agressão sexual e assédio da magnitude atual. Ela mesma foi submetida à totura, chicotadas e a toda forma de violência. É uma sobrevivente movida pelo desejo de que um dia as mulheres de seu país possam se libertar da tirania de um regime que as despreza e que impõe uma vida cheia de restrições. 

Em seus relatos que chegam à comunidade internacional, Mohammadi conta que a prisão de Evin nunca esteve tão cheia de mulheres. "Quanto mais eles nos prendem mais forte nos tornamos", diz a jornalista, indicando que a revolução que começou com as mulheres de seu país no ano passado é um caminho sem volta. "Nossa luta continuará até o dia em que a luz assumir a escuridão e o sol da liberdade abraçar o povo iraniano", comunica a jornalista de dentro da prisão. 

A esperança é de que o prêmio Nobel da Paz dado a Mohammadi traga mais visibilidade à luta dela e de outras iranianas, dispostas a correr risco de vida para que as mulheres de seu país desfrutem de alguma liberdade num futuro próximo. Mas a coragem de quem não desiste de lutar poderia ganhar uma maior solidariedade da comunidade internacional. Com o anúncio do Nobel, tomara que aconteça uma pressão internacional maior do que atual. Afinal não é apenas sobre Mahsa ou Narges. É por todas as mulheres do mundo que desejam ser verdadeiramente livres.

Fonte: Redação Terra
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