Comunicação é a principal arma de povos indígenas no Século 21
Objetivo dos comunicadores indígenas é buscar a maior quantidade possível de colaboradores indígenas de todos os cantos do Brasil
A comunicação é importante ferramenta de luta para povos originários brasileiros manifestarem suas diversidades de culturas e lutas pelo direito de existir. Nas redes sociais, diferentes povos indígenas conseguem chamar a atenção de instituições nacionais e internacionais para diversas questões urgentes.
O coletivo Mídia Índia, por exemplo, atua no fortalecimento da comunicação como ferramenta de luta desde 2015. Ele surgiu com o intuito de dar visibilidade às lutas dos povos indígenas brasileiros.
O coletivo foi o meio encontrado para mostrar ao mundo a vida dos indígenas brasileiros de maneira diferente da forma negativa e preconceituosa muitas vezes veiculadas em diferentes canais de imprensa.
Para Ronilson Guajajara, um dos fundadores da Mídia Índia, ter conquistado esse espaço de protagonismo e visibilidade tem sido essencial para o fortalecimento da luta por direitos.
“Hoje podemos contar nossa história, com nossas narrativas, com a visão dos verdadeiros guardiões da Mãe Terra, quebrando os estereótipos dos grandes veículos de comunicação”, diz.
“Superamos as barreiras do preconceito e mostramos que os povos indígenas podem ocupar os espaços da comunicação. Temos a oportunidade de contar ao mundo as nossas verdadeiras histórias – nas quais somos os principais narradores”, completa.
Outro coletivo também que vem fortalecendo o protagonismo da juventude indígena é o coletivo Mídia Terena, que surgiu no “Levante Pela Terra”, em 2021, quando diversos povos estavam acampados em Brasília e lutando contra todos os retrocessos que afetam diretamente a vida dos povos indígenas.
O objetivo do Mídia Terena é mostrar a realidade do seu povo, vivida pela juventude, anciões e lideranças. É preciso revelar as principais dificuldades na educação escolar indígena, alimentação, políticas públicas etc. A equipe é composta por doze jovens do povo Terena -- seis mulheres e seis homens, todos da região do Mato Grosso do Sul.
Para Cauê Terena, coordenador do coletivo, a comunicação hoje é uma ferramenta de luta usada para conseguir o maior alcance possível, dentro e fora das comunidades indígenas do Brasil e do mundo, e alertar aos ataques que os indígenas vêm passando.
“Continuamos registrando e divulgando as lutas enfrentadas diariamente em nossos territórios. Mesmo encontrando diversas dificuldades, a juventude tem passado por cima de todas e, com isso, conquistado mais espaços dentro do caótico mundo da ‘grande mídia’ que vive à mercê do capitalismo selvagem. Vamos continuar informando, comunicando e ocupando os espaços da comunicação”, declara.
Os coletivos estão presentes no Acampamento Terra Livre 2022 comunicando, informando, ocupando as redes e demarcando as telas. Iremos mostrar a diversidade dos mais de cinco mil indígenas de cento e vinte povos que estão presentes na 18ª edição do Acampamento.
O objetivo dos comunicadores indígenas é buscar a maior quantidade possível de colaboradores indígenas de todos os cantos do Brasil para mostrar o verdadeiro protagonismo dos diversos povos que aqui sobrevivem.
Vamos continuar informando, ocupando e demarcando as telas.